- Processo de Pensar; Memória, Pensamento, Desejo
Nas últimas quatro palestras ou discussões, estivemos considerando a questão do autoconhecimento. Porque (…) se não estamos cônscios de nosso processo de pensar e de sentir, não é possível, evidentemente, agirmos ou pensarmos de maneira correta. Assim sendo, o objetivo essencial destas reuniões ou discussões é ver se somos capazes, por nós mesmos, de “experimentar” diretamente o processo de nosso pensar e ficar cônscios dele (…) É esse processo total que dá liberdade e compreensão (…) (Solução para os nossos Conflitos, pág. 73)
Observai vosso próprio processo de pensar e verificareis que nasce de qualquer temor, da ansiedade, afeição, esperança, da sensação do que é meu e do que não o é. Em outras palavras, o pensamento está escravizado pelo desejo insaciável. (Palestras em Ojai e Saróbia, 1940, pág. 86)
Esse pensamento dependente divide-se em superior e inferior, o consciente e o subconsciente, e há conflito entre os dois. O consciente, influenciado pelo subconsciente, cria esta faculdade a que chamamos intelecto: a faculdade de discernir, de discriminar, de escolher. A memória, a tradição, o valor imposto pela sociedade influenciam nosso discernimento. (…) (Idem, pág. 86)
Antes de podermos responder “sim” ou “não”, é necessário, por certo, que descubramos o que é esse processo do pensar, (…) esse intelecto que temos em tão alta conta. Que é esse pensamento que criou os nossos problemas e depois se esforça por resolvê-los? Por certo, enquanto o não compreendermos, não poderemos encontrar uma nova maneira de viver, um novo modo de existência. (A Renovação da Mente, pág. 9)
O pensar, sem dúvida, é uma reação. Se vos faço uma pergunta, a essa pergunta vós reagis; reagis de acordo com vossa memória, vossos preconceitos, vossa educação, (…) o clima, (…) o fundo do vosso condicionamento; (…) em conformidade com isso pensais. Se sois cristão, comunista, hinduísta, (…) esse fundo é que reage; e é esse condicionamento, evidentemente, que cria o problema. O centro desse fundo é o “eu” com sua atividade. (Idem, pág. 10-11)
Enquanto não for compreendido esse fundo, (…) e pusermos fim a esse processo de pensamento, esse “eu”, que cria o problema, havemos inevitavelmente de ter conflitos, interior e exteriormente, no pensamento, no sentimento, na ação. (…) E, ao percebermos esse fato, (…) como o pensamento surge e a fonte de onde brota, perguntamo-nos, então: Pode o pensamento terminar? (Idem, pág. 11)
Pergunta: Como começa a existir a inteligência com que todos estamos familiarizados?
Krishnamurti: Ela começa a existir com a percepção, a sensação, o contacto, o desejo, a identificação, pois é tudo isso que dá continuidade ao “ego” por meio da memória. O princípio do prazer, da dor, da identificação, está sempre sustentando essa inteligência, a qual jamais poderá abrir a porta da Verdade. (O Egoísmo e o Problema da Paz, pág. 218)
Sem se compreender o processo do pensamento, a maneira como se origina o pensamento, as tendências de nosso próprio pensar individual, como o nosso pensamento é impulsionado por motivos, desejos, ânsias – sem se conhecer toda a essência do pensamento, não se pode, de modo algum, produzir a tranqüilidade. Alvitrei certa vez que, se registrásseis os vossos pensamentos, se vos familiarizásseis com o vosso próprio pensar, talvez daí resultasse o autoconhecimento. (A Renovação da Mente, pág. 43)
Porque, sem autoconhecimento, não há compreensão. Se não conhecerdes os meandros do vosso pensar, tanto no nível consciente como no inconsciente, (…), então, tudo o que fizerdes, todas as vossas atividades superficiais de controle, de domínio, de ajustamento e com relação ao que deveis crer e o que não deveis crer, são inteiramente inúteis. (…) (Idem, pág. 43)
Que é, pois, o pensamento? Ele é, obviamente, a reação da memória; se não tivésseis memória, não existiria pensamento. (…) Assim, o pensamento não só gera e sustenta o medo e o prazer, mas é também necessário para podermos funcionar, agir eficientemente. (…) (Fora da Violência, pág. 26)
A memória é experiência acumulada, e o que está acumulado é o que se sabe, e o que se sabe é sempre coisa passada. Com essa carga de lembranças é possível descobrir o que está fora do tempo, o Atemporal? (…) A sabedoria não é memória acumulada, porém, antes, suprema receptividade para o Real. (O Egoísmo e o Problema da Paz, pág. 178-179)
Há várias espécies de memórias: há a memória que vos impõe o presente, a memória que evocais ativamente e a memória do olhar em frente, no futuro. Todas elas vos impedem de viver completamente. Mas, não comeceis a analisar as vossas memórias. (…) Quando perguntais (…) não agis; apenas examinais a memória intelectualmente e tal exame não tem valor porque é feito em coisa morta. Uma coisa morta não traz compreensão. Mas se estiverdes plenamente consciente no presente, no momento da ação, então todas essas memórias entram em atividade. Então não necessitais passar pelo processo de analisá-las. (Palestras na Itália e Noruega, 1933, pág. 141)
(…) Há, portanto, duas facetas da memória – a psicológica e a factual. Elas estão sempre inter-relacionadas, não se separam nitidamente. Sabemos que a memória factual é essencial para a manutenção de nossa subsistência. Mas é essencial a memória psicológica? (…) Que é que vos faz lembrar psicologicamente o insulto e a lisonja? (A Arte da Libertação, pág. 111)
Por que conservamos certas lembranças e rejeitamos outras? (…) O desafio é sempre novo, nossa reação sempre velha, porque produto do passado. Assim, experimentar sem a memória é um estado, e experimentar com a memória, outro estado. (…) Só quando há compreensão completa de uma coisa, essa coisa não deixa cicatriz da memória. (Idem, pág. 111)
(…) Se confiais na memória, como um guia de conduta, essa memória deverá entravar a vossa ação, a vossa conduta, porque, então, essa ação ou conduta será meramente o resultado do cálculo, não tendo, portanto, espontaneidade nem riqueza, nem plenitude de vida. (…) (A Luta do Homem, pág.139)
Temos, pois, de compreender também essa estrutura do pensamento, e não rejeitá-la. Quando se rejeita ou se reprime uma coisa, cria-se contradição. Mas, quando se compreende uma coisa, não há contradição alguma. (…) A natureza do pensamento é o fundo, a tradição, a experiência, de onde vêm nossas reações; e tais reações baseiam-se no prazer ou na dor, ou em fatos proporcionadores de prazer. Conforme o prazer, reagimos, e a reação é pensamento. E o pensamento é o mesmo que o desejo cultivado. (A Suprema Realização, pág. 207)
Pois bem. Como temos uma idéia? Trata-se obviamente de um processo de pensamento. Sem um processo de pensamento, não pode haver idéia alguma. É, portanto, necessário que eu compreenda o processo do pensamento, antes que possa compreender seu produto, a idéia. Que se entende por pensamento? (…) O pensamento, sem dúvida, resulta de uma reação neurológica ou psicológica. (…) É a imediata reação dos sentimentos a uma sensação, ou é de natureza psicológica – a reação das lembranças armazenadas na memória. (Novo Acesso à Vida, pág. 100)
Há a reação imediata dos nervos a uma sensação, e há a reação psicológica da memória acumulada, as influências da raça, do grupo, do guru, da família, da tradição, etc., etc. – e a tudo isso chamamos pensamento. O processo do pensamento é, portanto, reação da memória, não é? Não teríamos pensamentos, se não tivéssemos memória; e a reação da memória a dada experiência põe em funcionamento o processo do pensamento. Tenho, por exemplo, as idéias acumuladas do nacionalismo, e me digo hindu. (Idem, pág. 101)
Esse reservatório de lembranças, de passadas ações, reações, inferências, tradições, costumes, responde ao estímulo de um muçulmano, um budista ou um cristão, e a reação da memória ao estímulo ocasiona inevitavelmente um processo de pensamento. Observai o processo do pensamento operando em vós e podereis tirar diretamente a prova dessa verdade. Fostes insultados por alguém e isso fica em vossa memória, constituindo parte do vosso fundo mental (background); e, quando vos encontrais com a pessoa, que é o estímulo, a reação é a lembrança daquele insulto. (Idem, pág. 101)
Assim, a reação da memória, que é o processo do pensamento, cria uma idéia; por conseguinte, a idéia é sempre condicionada – e é importante compreender isso. Isto é, a idéia é resultado do processo do pensamento, o processo do pensamento é reação da memória, e a memória é sempre condicionada. A memória está sempre no passado, e essa memória é vivificada no presente por um estímulo. (…) E toda lembrança, quer latente quer ativa, é condicionada (…) (Novo Acesso à Vida, pág. 101)
Mas, que é a memória? Se observardes, notareis que ela é factual, técnica, relacionada com conhecimentos adquiridos – engenharia, matemática, física, etc.; ou é o resíduo de uma experiêndia não acabada, incompleta (…) Quando terminais uma experiência, quando a completais, não há memória dessa experiência, no sentido de resíduo psicológico. Só há resíduo quando a experiência não é compreendida perfeitamente; e não há compreensão de uma experiência, porque olhamos cada experiência através de lembranças passadas e, por conseguinte, nunca nos encontramos com o novo como novo, mas sempre através da cortina do velho. (…) (Idem, pág. 101-102)
Estamos vendo, pois, que as experiências que não são completamente compreendidas deixam um resíduo, a que chamamos memória. Essa memória, quando estimulada, produz pensamento. Esse pensamento gera a idéia, e a idéia molda a ação. Por conseguinte, a ação baseada numa idéia nunca pode ser livre; e portanto não há libertação para nenhum de nós, através de uma idéia. (…) (Idem, pág. 102)
Continuemos: Pode haver ação sem memória? (…) A única coisa que é constantemente revolucionária é a ação isenta da cortina da memória. (…) Nossa questão, pois, é se pode haver ação livre do processo do pensamento, o qual cria a idéia, que, por sua vez, controla a ação.
Eu digo que pode, e que ela pode realizar-se imediatamente, tão logo percebamos que a idéia não é uma libertação, porém um obstáculo à mesma. Se percebo isso, minha ação não será baseada em idéia alguma, e por isso fico em estado de completa revolução; (…) (Novo Acesso à Vida, pág. 106)
(…) Só nos libertamos da memória que acumula quando cada pensamento, cada sentimento é completado, pensado até o fim. Isto é, quando cada pensamento e cada sentimento se completa, se conclui, há um fim; entre esse findar e o pensamento seguinte há um espaço. Nesse espaço de silêncio encontramos renovação, uma nova força criadora. Ora, isso não é teórico (…) Se tentardes completar cada pensamento e cada sentimento, descobrireis que isso é extraordinariamente praticável na vossa vida diária; porque então sereis novo, e o que é novo é eterno, imorredouro. Ser novo é ter força criadora, e ter força criadora é ser feliz; e um homem feliz não se preocupa com se é rico ou pobre (…) Não tem guias (…) não tem disputas nem inimizades. (Da Insatisfação à Fé , pág. 73-74)
Estamos vendo, pois, que a ordem interior, a ordem na mente, em nosso ser, nunca pode ser produto do pensamento. O pensamento pode criar hábitos, ajustamento, obediência, e isso, é bem de ver, só leva a uma desordem maior, a maior confusão e angústia. É necessário compreender todo esse processo do pensamento: como pensamos, por que pensamos, observando-o simplesmente. (…) (A Essência da Maturidade, pág. 94-95)
Que é pensar? Quando há “desafio” e “reação”, se a reação é imediata, não há “processo” de pensar. Se vos perguntam vosso nome, respondeis prontamente (…) Mas, se vos fazem uma pergunta mais complicada, precisais de tempo para responder; há um intervalo de tempo entre o desafio e a reação. Nesse intervalo, a mente rica em busca de uma resposta, a pesquisar, a indagar, a esperar, a questionar.
Esse intervalo é o que chamamos pensar. E esse pensar depende de vossa raça, família, do conhecimento, da memória, das marcas do tempo, de vossas experiências, dores e sofrimentos, das inumeráveis pressões e agonias da vida – ou seja, de vosso fundo. De acordo com ele “reagis” ou respondeis. Por conseguinte, a reação ao desafio é sempre inadequada. (…) (A Suprema Realização, pág. 46)
Por conseguinte, temos de compreender, não só o mecanismo do pensar, mas também esse depósito de conhecimentos acumulados, com os quais “respondemos” a um desafio, que é sempre novo. Sempre respondemos ao novo com o velho (…) Essa resposta nunca é total, porém sempre fragmentária; por conseguinte, apresenta-se uma contradição, um conflito, uma dor ou um prazer, que desejamos continue; e daí resulta mais conflito. Vivemos, pois, nesse processo: desafio, reação inadequada, contradição, conflito, dor ou prazer, e a exigência de que cesse a dor e de que o prazer continue. Tal é o ciclo de nossa vida. (Idem, pág. 47)
Se penetrardes mais nesta questão do pensar, alcançareis um estado mental em que dizeis: “Não sei”. Entendeis? Aí é que está a diferença entre o computador e a mente humana. A mente humana pode dizer “não sei”, (…) não há simulação, não há espera de resposta. (…) E não é necessário dizermos “não sei”, para que a mente esteja sempre a aprender, sempre fresca, inocente, jovem? (…) No momento em que sabeis, esse saber já se tornou parte do “velho”. (…) Se duvidais, isso significa que já estais à espera de uma confirmação ou de uma negação. (…) (A Suprema Realização, pág. 47)
Tal é o pensamento. O pensamento só existe no tempo. Por “tempo” entendemos o “estado psicológico de adiamento”, a idéia psicológica de progresso, de evolução, de acesso a uma altura, de acumular, e de desfazer a distância, ou seja, o intervalo de tempo-espaço entre “o que é” e “o que deveria ser”. A mente em que não há espaço é uma mente morta. A mente necessita de espaço – que é vazio. Só nesse espaço pode tornar-se existente um novo estado; só nesse espaço pode ocorrer uma mutação, uma completa revolução. (Idem, pág. 47-48)
(…) Vê-se, pois, que o pensamento inventa o tempo; que o pensamento é tempo. E o homem que compreende esse processo do desejo, pensamento e tempo é um ente humano que está vivendo plenamente no presente. (…) (A Suprema Realização, pág. 49)
A mente, pois, só é livre quando capaz de enfrentar o fato – o que é – , de enfrentar a pobreza; (…) Quando ides ao encontro do fato sem nenhuma opinião, juízo, avaliação, estais vivendo no presente. Para a mente, então, não há tempo, de modo que ela pode agir. Porque o próprio fato exige ação urgente – e não as vossas opiniões, desejos e ideais. (Idem, pág. 50)
Acho necessário compreender todo o mecanismo do pensamento, porque, se não o compreendermos, haverá inevitavelmente irracionalidade, pensar desequilibrado (…) Precisamos de uma razão clara, de pensamento lógico, preciso. Necessitamos de profunda compreensão de como funciona o mecanismo do pensamento. Porque a mente, o cérebro que é incapaz de – verdadeiramente, desapaixonada e objetivamente – olhar, observar, sentir, com perfeito equilíbrio, de maneira sã, não pode evidentemente ir muito longe. Assim, cumpre-nos descobrir (…) a contradição existente entre o pensador e o pensamento. (…) (A Mutação Interior, pág. 72)
Se observardes a vossa própria mente a funcionar, vereis que o movimento para o passado e para o futuro é um processo no qual o presente não existe. Ora é o passado um meio de fuga do presente, que pode ser agradável; ora é o futuro, uma esperança que nos leva para longe do presente. (…) Isto é, a mente está condicionada pelo passado, (…) como hinduísta, brâmane ou não brâmane, cristã, budista, etc., e essa mente condicionada se projeta no futuro; por essa razão nunca é capaz de olhar direta e imparcialmente um fato qualquer. Ela ou condena e rejeita o fato, ou o aceita e com ele se identifica. (…) (Que Estamos Buscando, 1ª ed., pág. 175-176)
A pessoa pode ser muito inteligente e erudita; mas, para descobrir uma maneira de agir totalmente diferente, que traga felicidade à sua vida, ela deve compreender o inteiro mecanismo do pensar. E, pela própria compreensão do que é positivo – o pensamento – a pessoa entra numa dimensão diferente, de ação, a qual é, essencialmente, amor. Quer dizer: Para investigar a pessoa deve ser livre; do contrário, não pode investigar (Viagem por um Mar Desconhecido, pág. 152)
Portanto, é essencial compreender o processo integral de nosso pensar, pois é nele que se encontra a contradição. O próprio pensar tornou-se uma contradição, porque não temos compreendido o processo total de nós mesmos, e tal compreensão só é possível quando estamos plenamente cônscios de nosso pensamento, não como um observador a operar sobre o seu pensamento, porém integralmente e sem escolha (…) Só então pode dissolver-se aquela contradição tão nociva e dolorosa. (Por que não te satisfaz a Vida, pág. 38)
Enquanto estivermos tentando alcançar um resultado psicológico, enquanto desejarmos a segurança interior, tem de haver contradição em nossa vida. (…) A tranqüilidade da mente é essencial para que se compreenda o significado integral da vida. O pensamento (…), produto do tempo, não pode nunca encontrar o que é atemporal, conhecer o que está além do tempo. (…) (Idem, pág. 38-39)
Embora seja difícil (…) demonstrar como a mente funciona na realidade, vou tentar fazê-lo; e podeis experimentar, e ver por vós mesmos. Sabemos que o pensar é uma reação do “fundo de condicionamento” (background). Vós sois esse background, não sois separado, pois não há pensador separado do background; e a reação desse fundo é o que chamais pensar. Esse fundo, quer culto, quer inculto, instruído ou ignorante, está sempre correspondendo a algum desafio, a algum estímulo, e essa reação cria não apenas o chamado presente, mas também o futuro. Tal é o nosso processo de pensar. (Que Estamos Buscando? 1ª ed., pág. 179)
Agora, se observardes com muito cuidado, vereis que, embora a reação, o movimento do pensamento pareça tão célere, existem vãos, existem intervalos entre os pensamentos. Entre dois pensamentos há um período de silêncio não relacionado com o “processo” do pensamento. Se observardes, vereis que esse período de silêncio, esse intervalo, não é de tempo; e o descobrimento desse intervalo, o completo “experimentar” do mesmo, vos liberta do condicionamento. Assim, a compreensão do processo do pensar é meditação. (Idem, pág. 179-180)
(…) A compreensão não vem pela escolha; não vem pela comparação, nem pela crítica, nem pela justificação. Só vem a compreensão quando a mente, tendo ficado inteiramente cônscia de todo o processo de si mesma, se tornou tranqüila. Quando a mente está de toda silenciosa, sem exigência alguma – só nessa tranqüilidade existe a compreensão, (…) a possibilidade de experimentar o que transcende o tempo. (Viver sem Confusão, pág. 37)
O “como” implica que alguém pode dar-vos um método. (…) Pode a compreensão ser produzida por um método? Compreensão significa amor e sanidade mental. E o amor não pode ser praticado nem ensinado. A sanidade mental só é possível quando há claro percebimento, quando se vêem as coisas tais como são, sem emocionalismo nem sentimentalismo. (…) (A Luz que não se Apaga, pág. 31)
É óbvio que todos os problemas exigem, não solução, conclusão, porém compreensão do próprio problema. Porque a resposta, a solução do problema, está contida no problema; e, para compreender o problema, qualquer que ele seja – pessoal ou social, ou geral – é essencial haver certa tranqüilidade, certa qualidade de não-identificação com o problema. (Que Estamos Buscando?, 1ª ed., pág. 21)
(…) Essas três coisas são essenciais, quando se está em presença de um problema imenso. Não se deixe guiar pelas próprias inclinações, por mais agradáveis (…) – eis a primeira coisa. (…) Em segundo lugar, não permita que suas atividades, sua vida seja moldada por seu temperamento, (…) seja intelectual ou emotivo, e (…) suas idiossincrasias. E, em terceiro lugar, não se deixe impelir pelas circunstâncias. (Viagem por um Mar Desconhecido, pág. 156-157)
Observa-se no mundo (…) a deterioração que está invadindo todos os níveis de nossa existência. E, observando esse fenômeno, somos naturalmente levados a investigar se não existirá um caminho diferente, (…) uma revolução que projete todo o processo do pensar numa dimensão inteiramente nova. Em primeiro lugar, acho bem clara a necessidade de uma mudança profunda, radical, no comportamento humano, nas relações humanas e, por conseguinte, no pensar humano. (Uma Nova Maneira de Agir, 1ª ed., pág. 90)