Nossos encontros são quinzenais e o próximo será em 18/12/2023, 2ª-feira, às 20h.
Último encontro realizado em 04/12/2023:
Em breve, publicaremos o cartaz de divulgação do próximo encontro.
ICK – Instituição Cultural Krishnamurti
Desde 1935 divulgando oficialmente os ensinamentos no Brasil
Nossos encontros são quinzenais e o próximo será em 18/12/2023, 2ª-feira, às 20h.
Último encontro realizado em 04/12/2023:
Em breve, publicaremos o cartaz de divulgação do próximo encontro.
por durvalh
Meditação nada tem a ver com Tempo… nada tem a ver com “pessoas”, nem com Comparações…
Meditação tem tudo a ver com Atencao… Consciência Pura Original…
Não faz sentido dizer:
*Eu medito 10 minutos por dia…*
Não faz sentido por vários motivos…
1) Meditação não se mede por minutos, horas, etc.
2) “EU” nunca pode meditar, pois a inquietude do EU impede…
3) Não há como parar a inquietude do EU, assim como não há como parar o decorrer, o transcurso do Tempo…
4) EU e Tempo: tudo a ver… ambos são igualmente “imparáveis”…
5) Meditação é a liberdade das amarras do Tempo…
6) Meditação é a liberdade do jugo do EU, das Comparações e de todo pesado “pacote” que o EU carrega… EU carrego.
7) Meditação é …
… é algo impossível de definir com exatidão.
… é algo que as palavras não conseguem abordar pois todas elas são filhas da inquietude da Lingua… sao filhas da estrutura Temporal…
Todos os Verbos (Açoes) que a nossa Linguagem usa se submetem ao…
>>> Passado
>>> Passado Imperfeito
>>> Presente
>>> Futuro
>>> Futuro do Pretérito
Na Meditação essas instâncias temporais evaporam…
Na Meditação não há:
> Nervos / nervosismo
> Ansiedade
> Julgamento…
… posto que todo julgamento / comparação se faz com a Língua…
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>>> Quando o Julgamento sai, a Meditação entra.
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Cientistas inquietos – e escravos da Linguagem – discutem sobre *quanto Tempo tem o Universo*…
a) 14 bilhões de anos (teoria do Big Bang)
>>> ou <<< b) 6 mil anos (teoria do Design Inteligente) >>> ou <<< c) ZERO ano… o Universo é criado a cada instante de Consciência… O que importa é a Consciência… (a Atenção). Como a discussão e justificativas ocorrem por meio de palavras e números (ou seja, por meio de Teorias), não há como desembaraçar essas questões… A paixão, crença e preocupação da Ciência com o deus Tempo é infinita… >>> Assim sendo…
… a pergunta *Quanto TEMPO tem o Universo* pode ser tão imprópria (pra não dizer idiota) quanto a pergunta…
*Quanto TEMPO você medita por dia?*…
A questão principal, portanto, não se situa no UNIVERSO… mas em cada grão de CONSCIENCIA que observa …
Eis, talvez, a razão principal pela qual muitas vezes, de repente, ficamos perplexos, perdidos, confusos e inquietos com a Vida…
>>> Todos os Buracos Negros, Aglomerados de Galáxias e Sistemas planetários, bem como a louça suja na pia, convivem em cada Consciência…
… Haja estrutura “pessoal” para carregar tamanha complexidade…
>>> O EU – a pessoa individual – é uma mera fantástica ilusão a ser desmascarada… com Atenção.
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É a Consciência que “dá vida” à Matéria e a TUDO que existe no Universo…
A Austrália, bem como aquele problemão que te aflige, só existem agora…
… só existem nesse exato momento em que a Atenção foi dirigida a eles…
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Atenção é TUDO!!!
Atenção é FATO…
Atenção é incondicional…
Atenção é AMOR (isso pode ser facilmente verificado nas Relações).
Atenção é DEUS…
DEUS É AMOR..!!!
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Extraído do grupo de discussão Observadores de Krishnamurti – observadores-de-k@googlegroups.com
Mais uma série de vídeos teve suas legendas traduzidas para a língua portuguesa. São os diálogos entre K e quatro estudantes de Brockwood Park, ocorridos em junho de 1985, com os seguintes temas:
Os links foram acrescentados ao final da página Diálogos.
Face ao reduzido número de colaboradores, o atendimento ao público na sede da ICK precisa ser previamente agendado pelo e-mail ick@krishnamurti.org.br.
Pergunta: Que é a sociedade?
Krishnamurti: Que é a sociedade? Que é a família? Investiguemos, passo a passo, como se cria a sociedade, como nasce ela. Que é a família? Quando dizeis “minha família”, que entendeis? Meu pai, minha mãe, meu irmão, minha irmã, o sentimento de aconchego, o sentimento de que vivemos todos na mesma casa, o sentimento de que meu pai e minha mãe irão proteger-me, a posse de certos bens, de joias, sáris, roupas. Esse é o começo da família. Há outra família igual a minha, que vive noutra casa, que sente o mesmo que eu sinto: o sentimento de “minha casa”, “minhas roupas”, “meu carro”, “minha esposa”, “meu esposo”, “meus filhos”; e mais outra família existe, que também sente exatamente a mesma coisa; de maneira que dez famílias residentes num mesmo lugar, sentindo as mesmas coisas, adquirem o sentimento de que não devem ser invadidas por outras famílias. Por conseguinte, começam a fazer leis. As famílias poderosas se instalam em melhores posições, têm grandes propriedades, mais dinheiro, mais roupas, mais carros. Reúnem-se, pois, as dez famílias e estabelecem leis que determinam o que devemos fazer. E assim, gradualmente, nasce uma entidade social, com leis, regulamentos, polícia, exército, marinha. Por fim, toda a superfície da terra está povoada por diferentes entidades sociais. Depois, algumas pessoas adquirem certas ideias e querem derribar as que se estabeleceram em certas posições e que têm o poder nas mãos. Dissolvem essa sociedade e formam outra.
A sociedade é constituída das relações entre as pessoas: relações de uma família com outra família, de um grupo com outro grupo, e dos indivíduos com a sociedade. Desse modo, as relações é que constituem a sociedade, as relações entre indivíduos, entre vós e mim, estabelecem a sociedade. Se sou ganancioso e disponho de poder, expulsar-vos-ei de vossa posição. E vós procedereis da mesma forma comigo. E, também, vós e eu elaboramos leis; e vêm outros e destroem as nossas leis e estabelecem um novo conjunto de leis; e assim por diante, indefinidamente. Na sociedade, como nos relacionamentos, há um conflito constante. Essa é a base simples da sociedade e ela se torna cada vez mais complicada à medida que os entes humanos se tornam mais complexos nas suas ideias, nas suas instituições mecânicas, na sua indústria.
Pergunta: Por que desejam as pessoas viver em sociedade? Elas podem viver sós.
Krishnamurti: Podeis viver só?
Pergunta: Vivo em sociedade porque meu pai e minha mãe pertencem ao meio social.
Krishnamurti: Para terdes emprego, para viverdes, para ganhares a vida, para fazerdes qualquer coisa, não precisais viver em sociedade? Podeis viver só? Para terdes alimento, dependeis sempre de alguém; de alguma pessoa dependeis para terdes roupas; mesmo que sejais um Sanyasi, dependeis de outro para terdes o que comer, o que vestir, onde morar. Não se pode viver sozinho. Não há entidade que exista completamente só. Estamos sempre em relação; apenas na morte se pode estar só. Na vida, estamos sempre em relação, em relação com nosso pai, nosso irmão, com o mendigo, o calceteiro, o Tahsildar, o coletor. Estais sempre em relação e, porque não compreendeis essa relação, existe conflito. Mas quando compreendemos a relação entre um homem e outro, não há conflito, nem problema relativo ao viver só.
Do livro NOVOS ROTEIROS EM EDUCAÇÃO – Uma Abordagem Radical, Jiddu Krishnamurti
Krishnamurti realizou estas palestras em Rajghat-Banaras, às margens do rio Ganges, durante o mês de dezembro de 1952, em presença de jovens de ambos os sexos, entre as idades de 9 e 20 anos.
Segue um resumo do diálogo. Clique nos links para acessar o referido trecho. Se desejar legendas em português, clique no botão “CC” no canto do vídeo.
00:00 – 01:00
Nesta seção do vídeo, Krishnamurti e os cientistas discutem a possibilidade de uma ação que não seja limitada pelo conhecimento. Eles exploram as limitações do conhecimento e como isso leva à divisão e ao conflito. A conversa adentra a distinção entre a inteligência nascida do pensamento condicionado e uma inteligência que opera além do pensamento. Enquanto alguns expressam ceticismo, o palestrante sugere que é de fato possível perceber sem a interferência do pensamento. Os participantes enfatizam a importância de observar a própria mente e investigar se há uma ação que não seja limitada e não esteja ligada ao conhecimento.
00:00 Nesta seção do vídeo, o Dr. Hancke sugere um diálogo amigável em que os participantes abordem as questões com hesitação, em vez de afirmações. A discussão gira em torno da possibilidade de o cérebro estar em um estado de não registro e da importância de lidar com fatos em vez de teorias ou especulações. Eles mencionam o fato de que o cérebro funciona no momento presente para a comunicação, mas usar o termo “cérebro” em si é considerado uma inferência teórica. A conversa então se volta para a questão de se a percepção está conectada ao cérebro ou separada dele.
00:05 Nesta seção, os participantes discutem o fato de experimentar dor e o desejo de se libertar dela. Eles questionam como abordar esse fato e se discutir a dor sem realmente vivenciá-la se torna uma discussão teórica. A conversa então passa para a relação entre dor e cérebro, com alguns participantes destacando que invocar a palavra “cérebro” traz consigo um conjunto de inferências e teorias do passado. Eles exploram a ideia de que o cérebro estar ligado à dor não é algo que eles observam diretamente no momento presente. Em geral, eles lidam com o desafio de lidar com fatos sem se envolver em teorias e conhecimento passado.
00:10 Nesta seção do vídeo, Krishnamurti aborda a natureza dos fatos e do conhecimento. Ele enfatiza que tudo o que temos verdadeiramente são os fatos presentes, como a dor e o desejo de nos libertarmos da dor. Ele reconhece que o uso de termos científicos como “cérebro” pode nos conectar a suposições e teorias, mas também reconhece a importância da ciência na exploração da relação entre dor e conhecimento. Krishnamurti define conhecimento como a acumulação de experiências armazenadas como memória no cérebro, o que dá origem ao pensamento. A conversa continua a aprofundar o papel do conhecimento científico no enfrentamento da dor e se ele pode contribuir para encontrar uma solução.
00:15 Nesta seção, Krishnamurti discute a relação entre conhecimento e ação. Ele afirma que o conhecimento está armazenado no cérebro e que funcionamos com base nesse conhecimento acumulado. No entanto, ele questiona se a ação realmente nasce do conhecimento ou se há outro tipo de ação que não está limitada pelo passado ou futuro. Os cientistas presentes na discussão expressam sua incerteza e Krishnamurti sugere que eles explorem mais a natureza da ação.
00:20 Nesta seção, os participantes discutem se há uma ação que não seja limitada e que não leve ao conflito. A conversa começa com a pergunta se a ação nascida do conhecimento está sempre limitada. Um participante questiona se pegar um copo e beber água é limitado e leva ao conflito. Outro participante esclarece que é limitado no sentido de que diferentes indivíduos têm abordagens diferentes devido ao conhecimento acumulado, mas isso não necessariamente leva ao conflito. Krishnamurti destaca que ações motivadas pelo egocentrismo, nacionalismo e outras perspectivas limitadas são a causa do conflito. Eles concordam que ações psicológicas e até mesmo ações físicas podem ser limitadas e levar ao conflito quando baseadas no eu. A discussão aborda a possibilidade de uma ação limitada sem referência ao eu, mas Krishnamurti argumenta que qualquer ação nascida da limitação inevitavelmente resultará em conflito. Além disso, ele explica que se um cientista está apenas preocupado com sua carreira e pesquisa, isso é um assunto limitado que desconsidera o mundo externo e pode contribuir para o conflito.
00:25 Nesta seção, Krishnamurti e os participantes do seminário discutem a relação entre conhecimento, ação e conflito. Eles concordam que toda ação nascida do conhecimento limitado é em si limitada e gera divisão, o que acaba levando ao conflito. Eles exploram a ideia de que não é a divisão em si que é conflituosa, mas sim a adição de um ponto de referência sólido ou “eu”. Eles usam o exemplo do ecossistema para demonstrar como ações limitadas ainda podem funcionar harmoniosamente dentro de um sistema maior. No entanto, eles também reconhecem que os seres humanos adicionam um elemento extra de egocentrismo ao seu conhecimento, o que agrava ainda mais o conflito. A conversa termina com o reconhecimento de que a divisão combinada com a sensação de estar certo é o que tem causado conflitos no mundo.
00:30 Nesta seção, a conversa gira em torno da distinção entre conhecimento e egocentrismo. Os participantes discutem as limitações do conhecimento e como ele leva à divisão e ao conflito entre os seres humanos. Krishnamurti sugere a necessidade de uma ação que vá além dessas limitações para resolver os problemas que a humanidade enfrenta, enfatizando a importância da comunicação e da renúncia a identidades divisórias. Os participantes consideram duas possibilidades: encontrar uma ação que não seja limitada pelo conhecimento ou aprender a agir mesmo que nascida de conhecimento limitado, mas não centrada na defesa de um ponto de vista específico.
00:35 Nesta seção do vídeo, há uma discussão entre os cientistas sobre a possibilidade de uma ação que não seja limitada pelo conhecimento. Enquanto alguns argumentam que toda percepção e ação são governadas pelo que já sabemos, outros questionam se há uma maneira de ter uma ação ilimitada. A ideia de que as crianças têm uma visão mais aberta e sem restrições do mundo também é mencionada. Em última análise, a conversa aborda a crença de muitos de que há algo superior dentro deles que transcende a existência comum.
00:40 Nesta seção do vídeo, a discussão gira em torno da possibilidade de uma ação que não nasça da limitação. É mencionado um experimento com crianças de três meses, onde seu foco em uma imagem na parede fica claro quando elas sugam um seio de certa maneira. No entanto, surge alguma discordância em relação à percepção e às limitações das crianças. Os participantes então voltam sua atenção para a questão de se a percepção pode existir sem conhecimento. Eles exploram a ideia de ação e percepção ilimitadas, reconhecendo as limitações do quadro científico, mas enfatizando a importância de observar a própria mente. O objetivo é investigar se há uma ação que não seja limitada e não esteja conectada ao conhecimento.
00:45 Nesta seção do vídeo, Krishnamurti explora o conceito de ação sem limitação. Ele destaca que o eu, que é uma coleção de memórias e conhecimento, sempre opera dentro de limitações e leva ao conflito. Krishnamurti levanta a questão se o eu pode chegar ao fim e enfatiza a importância de não se tornar e de abandonar a atividade centrada no ego. Ele destaca como o eu pode enganar e se esconder por trás de diversos aspectos da vida, mas que a verdadeira ação sem limitação só pode surgir quando o eu chega ao fim.
00:50 Nesta seção, Krishnamurti discute o conceito de eu e conhecimento. Ele afirma que o eu, que é uma coleção de memórias e tempo, pode chegar ao fim completamente, mas ainda é possível viver neste mundo. No entanto, ele reconhece que certas ações no mundo, como dirigir um carro ou escrever uma carta, requerem o uso de conhecimento. Krishnamurti argumenta que se o eu não está presente, então a ação não é centrada no ego. Ele enfatiza que a inteligência, que não nasce do conhecimento, pode usar o conhecimento em um contexto específico, mas não tem lugar psicologicamente. Ele postula que a inteligência é diferente do conhecimento e precisa ser explorada mais a fundo.
00:55 Nesta seção, a conversa gira em torno da natureza da inteligência. Eles discutem dois tipos de inteligência: uma que nasce do pensamento limitado e condicionado, e outra que parece vir de algum lugar além do pensamento. Eles destacam que a inteligência nascida do pensamento é limitada e pode levar à crueldade ou bondade dependendo das circunstâncias. No entanto, argumentam que existe uma inteligência que não nasce do pensamento. Eles enfatizam a necessidade de investigar essa inteligência observando sem pensamento e mantendo uma percepção que não se baseia no pensamento. Embora alguns participantes expressem ceticismo, o palestrante sugere que é de fato possível perceber sem a interferência do pensamento, dando o exemplo de ver uma árvore sem a intrusão de pensamentos.
01:00 Nesta seção, os participantes discutem a possibilidade de percepção sem pensamento e o papel do conhecimento na percepção. Eles questionam se é possível ter uma percepção pura, livre da influência do pensamento e da rede associada de palavras. Enquanto alguns argumentam que toda percepção é baseada no conhecimento, outros sugerem a existência de uma inteligência que opera independentemente do pensamento. Krishnamurti afirma que existe essa inteligência e convida a uma exploração mais aprofundada de sua natureza. A discussão então se volta para o tema do amor e sua relação com o desejo, o prazer e a sensação. Krishnamurti enfatiza que o amor não está limitado ou condicionado por esses fatores, e sua investigação é relevante para a indagação geral.
01:05 Nesta seção, J. Krishnamurti discute a natureza do amor e sua conexão com a inteligência. Ele afirma que a inteligência, que não nasce do pensamento limitado, é a essência do amor. Ele questiona se o amor é desejo, ambição ou dependente do prazer, e propõe que o amor é algo além do cérebro. O amor, segundo Krishnamurti, não é o oposto do ódio e não pode coexistir com o apego. Ele enfatiza a importância de descondicionar a mente humana e prosseguir com uma compreensão mais profunda do amor e da inteligência. A seção conclui com um cientista apresentando uma pergunta sobre um bebê de três meses e um experimento, ao qual Krishnamurti responde.
01:10 Nesta seção, a conversa gira em torno do tema do desejo e seu significado em nossas vidas. Eles discutem como o desejo é central para o cérebro e sua relação com a verdade e a investigação. Eles enfatizam a importância de observar as próprias experiências e questionar o lugar e o movimento do desejo. A conversa aborda a ideia de tornar-se psicológico e a necessidade de romper com isso para compreender a realidade do eu. Eles destacam a necessidade de acabar com a medição e a comparação para compreender verdadeiramente a natureza do desejo.
01:15 Nesta seção, Krishnamurti explora a ideia de se há um fim para o conhecimento. Enquanto alguns participantes sugerem que há um fim para o conhecimento, Krishnamurti aponta que funcionar exclusivamente dentro do domínio do conhecimento limita nossa compreensão. Em seguida, ele levanta a questão de se o cérebro pode cessar a constante tagarelice mental e estar vazio, agindo apenas quando necessário. Krishnamurti sugere que há um fim para o conhecimento, mas é um assunto separado do conceito de vazio.
Aos interessados em ampliar o contato com outros observadores de K, e que têm intimidade com a língua inglesa, informamos a existência do site Kinfonet, onde se pode encontrar divulgação de grupos de diálogo, eventos e publicações, além de um fórum de discussões. Para acessá-lo, clique aqui.
Segue um resumo do diálogo. Clique nos links para acessar o referido trecho. Se desejar legendas em português, clique no botão “CC” no canto do vídeo.
00:00 – 01:00
Neste vídeo do YouTube, J. Krishnamurti e um grupo de cientistas exploram diversos tópicos, como observação, compreensão, cérebro e pensamento, memória e hábitos psicológicos. Krishnamurti acredita que a verdadeira observação pode ocorrer sem o observador e que essa abordagem pode levar à compreensão e à mudança no cérebro. O grupo debate se é possível observar sem criar um observador, o papel da memória e do registro psicológico, e a dificuldade de quebrar hábitos. Eles também discutem conceitos como vislumbres de insight, reconhecimento e comunicação completa. O vídeo termina com a pergunta sobre o que poderia quebrar o hábito da memória.
00:00 Nesta seção, os participantes se apresentam e mencionam suas áreas de especialização. O Dr. Hancke pergunta se eles podem usar o pensamento para entender a complexidade do cérebro. Krishnamurti acredita ser possível observar a atividade do próprio cérebro sem buscá-la externamente e que, ao observar com muito cuidado e imparcialidade, é possível abordar esse problema complexo, acrescentando que a observação de si mesmo pode levar à compreensão. A discussão então se volta para o que se entende por “compreensão”.
00:05 Nesta seção do seminário, os participantes discutem a natureza da observação e a relação entre observação e criação de teorias e modelos. Eles exploram a diferença entre meramente observar e criar uma compreensão da observação por meio da ciência e da teoria, e questionam se é necessário ter uma teoria ou modelo para ver o que está realmente acontecendo. A discussão também aborda percepção, aprendizado e a capacidade do cérebro humano de observar e reconhecer diferentes objetos e movimentos no mundo.
00:10 Nesta seção, a discussão gira em torno da observação e se o condicionamento a afeta. O condicionamento causa a divisão entre o observador e o observado, mas a abordagem de Krishnamurti é observar sem preconceitos. Os cientistas questionam o papel da teoria na observação e se é necessário tê-la para observar. A discussão também aborda como se vê as cores vermelha, branca e azul e como diferentes níveis de operações ocorrem na visão. Todos os neurocientistas acreditam que a experiência direta não é possível no nível do olho e do nervo óptico. O ponto de vista de Krishnamurti sobre observação e cérebro é radical e um tanto diferente do que eles aprendem na faculdade.
00:15 Nesta seção, os participantes do seminário discutem as duas maneiras diferentes de olhar para o cérebro: o cérebro teórico composto de fragmentos e partes estudados pelos cientistas, e a outra maneira de olhar para o cérebro como uma entidade inteira que percebe. Eles debatem se uma teoria holística, que leve em conta a fragmentação do cérebro, é possível ou não. Enquanto alguns argumentam que o conhecimento técnico é importante para entender o cérebro, outros expressam desconforto com experimentação em animais. A seção termina com a pergunta de onde começar o estudo do cérebro.
00:20 Nesta seção, J. Krishnamurti e outros palestrantes discutem o conceito de pensamento e sua relação com o cérebro e a consciência. Eles debatem se o cérebro é o centro do pensamento e da consciência, e se o pensamento é um evento que surge da separação de uma unidade de seu contexto ou de uma fronteira ilimitada. A discussão também aborda a questão de qual ação chega ao pensamento e qual é a fonte do pensamento.
00:25 Nesta seção, J. Krishnamurti discute a relação entre pensamento e ação e se é possível observar a causalidade sem o observador. Ele sugere que o observador, ou a pessoa que percebe, é o passado, a memória, o conhecimento e a experiência. A observação real pode ocorrer sem o observador, e não há separação entre o observador e o observado. Quando não há observador, a ação é estar junto sem separação. A separação entre o que observamos e o cérebro pode ser devida à tradição, à educação e às crenças.
00:30 Nesta seção, o grupo discute se é possível observar sem registrar e criar um observador. Krishnamurti sugere que o registro cria o observador, enquanto a observação sem registro permite uma visão pura. No entanto, alguns membros do grupo argumentam que isso é uma teoria e que o cérebro é programado para registrar. Krishnamurti acredita que se separar do que está sendo observado é um processo constante sustentado por colapsos e lampejos do observador, o que leva a contradições. O grupo debate a necessidade tanto da observação quanto do acúmulo no contexto de conhecer alguém pela primeira vez versus um relacionamento contínuo. Por fim, Krishnamurti explica que está usando o termo ‘níveis’ para descrever os diferentes contextos em que a contradição pode ser necessária.
00:35 Nesta seção do vídeo, Krishnamurti e um grupo de cientistas discutem o conceito de registro e memória no cérebro humano. Embora concordem que o conhecimento físico e a memória sejam necessários para a vida diária, Krishnamurti questiona a necessidade de registro e acumulação psicológica. Ele argumenta que o registro interior leva ao processo divisivo que cria o ego, o que causa destruição no mundo. Krishnamurti pergunta se é possível que o mecanismo do ego pare, não criando um “eu” interior. Essa pergunta tem sido feita não apenas por cientistas, mas também por pessoas religiosas sérias.
00:40 Nesta seção, um grupo de cientistas, incluindo um pesquisador cerebral, discute se é possível para os seres humanos viverem sem registrar internamente e desaprender tendências evolutivas de autopreservação. Eles consideram a história do cérebro em construir um mundo estável e solidificar registros, bem como exemplos de pessoas que aparentemente alcançaram tal estado. Krishnamurti os instiga a entender o tempo e, em última análise, questiona se o tempo está contido no agora.
00:45 Nesta seção, os palestrantes discutem a relação entre ação e pensamento e como o observador é o observado. Eles chegam à conclusão de que, quando se percebe que o observador é o observado, não há conflito, o que leva a uma mudança radical no cérebro e a uma revolução. Eles questionam o uso da palavra “possibilidade” e optam por “realidade”, questionando como essa ideia se relaciona com a observação do cérebro sem desmembrá-lo e sem a ajuda de livros.
00:50 Nesta seção do seminário, os participantes discutem a ideia de vislumbres de insight e como eles se relacionam com a memória e a realidade. Krishnamurti explica que um vislumbre de insight pode levar a uma mudança nas células do cérebro se a pessoa prestar atenção e agir sobre isso. No entanto, a maioria das pessoas não presta atenção porque tem muitos interesses e problemas. O grupo também discute a relação entre reconhecimento e memória e o que constitui uma ação necessária.
00:55 Nesta seção, é discutido o tema da memória e se é possível observar sem ficar preso a ela. É mencionado que ter um certo tipo de memória é relevante internamente, mas é um fardo carregar memórias irrelevantes. A conversa então se volta para a dificuldade de quebrar hábitos psicológicos, como a atração por ir ao norte quando se faz isso há 40.000 anos. Sugere-se que uma comunicação completa, com a qualidade da voz e do ser, possa facilitar a quebra desses hábitos, mas isso requer falar a verdade em vez de teoria. A pergunta sobre o que quebraria o hábito da memória fica sem resposta.
01:00 – 01:20
J. Krishnamurti e um grupo de cientistas discutem a relação entre memória, pensamento e segurança. Eles exploram como as memórias podem criar falsas sensações de segurança e inibir a mudança, enquanto o cérebro busca constantemente segurança inventando ilusões. A discussão conclui enfatizando a importância de compreender o próprio processo de pensamento para se libertar do condicionamento e abordar a vida com uma nova perspectiva. O grupo mergulha nas limitações do pensamento e como ele é baseado na memória, levando a conflitos e divisões. Eles enfatizam, em última instância, a necessidade de consciência e insight para transformar verdadeiramente o pensamento de alguém.
01:00 Nesta seção, J. Krishnamurti discute a necessidade da memória em certas atividades, incluindo a comunicação linguística, dirigir, ler e escrever, enquanto instiga os seres humanos a descartarem memórias desnecessárias. A conversa então aborda a ideia de segurança e a luta por ela. O grupo discute como as memórias frequentemente podem criar falsas sensações de segurança, inibindo a capacidade de mudança de uma pessoa. A conversa conclui afirmando que o nível de energia mais elevado do cérebro só pode ser alcançado quando uma pessoa se sente segura, embora uma sensação de segurança possa inibir a mudança.
01:05 Nesta seção, J. Krishnamurti e um grupo de cientistas discutem como o cérebro busca segurança ao inventar ilusões, como relacionamentos, fé em deuses e contas bancárias. Eles observam que, embora o cérebro esteja continuamente em busca de segurança, ele também se oferece segurança no processo de insegurança real. Os cientistas levantam o ponto de que estamos tão acostumados ao que podemos entender que falhamos em ver a loucura de nossas ações. Eles acreditam que o processo de aprendizagem estabiliza a transição para a mudança, que pode levar uma vida inteira. Enquanto isso, Krishnamurti insiste que a mudança pode acontecer quando chegamos a uma consciência de nós mesmos.
01:10 Nesta seção, J. Krishnamurti e os cientistas discutem a natureza do pensamento e suas limitações. Eles concordam que o pensamento é limitado, pois é baseado na memória, que está confinada à nossa experiência e conhecimento. Essa limitação leva a conflito e divisão, o que torna necessário encontrar uma maneira para o pensamento operar em um lugar adequado. No entanto, introduzir a ideia de que o pensamento é usado em um lugar e não em outro causa confusão e fragmentação. Enquanto isso, eles discutem a diferença entre saber e entender, pois não necessariamente significam a mesma coisa em diferentes idiomas.
01:15 Nesta seção, os palestrantes estão discutindo a ideia de insight e sua relação com a memória e o pensamento. Eles questionam se o insight pode ser obscurecido pelo pensamento ou se permanece inabalável. O grupo concorda que o insight é um tipo de percepção instantânea, livre de memória e tempo, que tem um efeito duradouro em uma pessoa. Krishnamurti usa o exemplo de ver a futilidade da religião organizada e nunca mais olhar para trás. Eles concordam em retomar a discussão em outro momento.
01:20 Nesta seção, Krishnamurti reflete sobre a natureza do pensamento e como a mente tende a repetir padrões que já experimentou ou aprendeu anteriormente. Ele coloca a questão de se é possível abordar a vida com uma perspectiva contínua, fresca e nova, em vez de ficar preso a velhos hábitos de pensamento. Krishnamurti sugere que essa liberdade do condicionamento requer uma profunda consciência dos próprios processos de pensamento e a capacidade de observá-los sem julgamento.
O texto foi gerado pelo software Summarize e traduzido pelo software ChatGPT. Ao final, a pessoa que publicou fez algumas poucas correções. O que você achou desse tipo de postagem? Acha útil que se faça o mesmo para outros vídeos de K? Fique à vontade para comentar e nos ajudar a decidir o conteúdo das próximas postagens. A ICK agradece.
O Encontro Anual de Maio da KFA ocorreu recentemente, significando uma ocasião importante dentro da agenda anual da Fundação.
Os participantes se reuniram ansiosamente para conhecer novos e velhos amigos, ouvir palestras, participar de discussões e apreciar a beleza serena do campus da Oak Grove School, em Ojai, Califórnia.
Se você quer ver as gravações dessas palestras, clique aqui. É possível configurar as legendas para o português, geradas automaticamente.
Essas gravações estarão disponíveis até agosto.
A Instituição Cultural Krishnamurti existe desde 1935 e a sua principal finalidade é traduzir e disponibilizar os ensinamentos de Krishnamurti, com a máxima fidelidade.
Durante anos, a ICK promoveu a tradução e a publicação de livros e vídeos, encontros públicos e discussões em grupos. Entretanto, o advento e a popularização da Internet agora permitem que a Instituição tenha presença virtual relevante entre os estudiosos de Krishnamurti em língua portuguesa.
Continuaremos a promover encontros, mas agora com foco nos virtuais, considerando principalmente a grande dispersão geográfica do nosso público.
“Somente no espelho dos relacionamentos a mente pode ser compreendida” (Krishnamurti)
Queremos que o público encontre em nós uma fonte confiável e autêntica dos ensinamentos e, para tanto, contamos com um grupo de incansáveis colaboradores. Mantemos também contato permanente com as fundações, notadamente a KFT – Krishnamurti Foundation Trust, para conseguir a necessária sinergia para os nossos trabalhos.
Ajudem-nos a manter acesa a chama de Krishnamurti, participando dos nossos encontros virtuais e nos ajudando a ampliar o alcance dos ensinamentos produzindo traduções de vídeos e textos.
Bate-papo e mensagens instantâneas seguros.
Não requer registro, nem precisa instalar nada, pode entrar com a conta do Element, Google, Facebook ou Apple.
Entrem na nossa sala pública Observadores de Krishnamurti e encontrem outros estudiosos dos ensinamentos.
Os ensinamentos são importantes por si mesmos e intérpretes ou comentadores apenas os distorcem, sendo aconselhável ir diretamente à fonte, os próprios ensinamentos, e não se valer de nenhuma autoridade.
Jiddu Krishnamurti
Quer conversar sobre os ensinamentos de K? Então, clique aqui, entre em uma de nossas salas virtuais no Element, e junte-se a uma conversa já em andamento ou inicie uma nova.
Informamos o falecimento, em 13/07/22, do Sr. Onofre Maximo, que por décadas administrou e protegeu a ICK de sua extinção, por muitas vezes solitário, oferecendo, através do seu zelo contínuo, a oportunidade de traduzirmos um grande volume de material — textos, vídeos e livros — o que proporcionou o acesso dos falantes da língua portuguesa à grande parte da mensagem de Krishnamurti.
Estaremos posteriormente dando continuidade ao trabalho da ICK, para adaptá-lo mais plenamente às novas formas de comunicação digital.
Agradecemos a todos os tradutores e revisores que colaboraram, durante todas essas décadas, e à nossa querida colaboradora e tradutora Maristela Nicolellis, que coordena a equipe atual, tornando possível a disponibilização da mensagem de Krishnamurti aos falantes da língua portuguesa. Esse trabalho incansável já produziu mais de 200 traduções, disponíveis no canal oficial da Krishnamurti Foundation Trust (kfoundation.org/1/pt-video), oferecendo a todos uma oportunidade de descobrir uma nova maneira de viver.
ICK
A ICK, em parceria com a KFT, acaba de publicar pela Amazon o seu primeiro ebook. Trata-se de “O findar do tempo”, que já constava do nosso catálogo de livros físicos há algum tempo e agora está sendo disponibilizado em formato eletrônico, atingindo assim um maior número de leitores e proporcionado a economia que esse tipo de publicação traz.
Estes diálogos entre Jiddu Krishnamurti e o físico teórico David Bohm começaram por abordar a origem do conflito humano. Ambos concordaram em atribuir isto à natureza separatista e presa ao tempo do self e à forma com que ela nos condiciona a confiar erroneamente no pensamento, que está baseado na experiência passada inevitavelmente limitada. A possibilidade do insight que terminará com esta mentalidade defeituosa foi discutida em profundidade. O foco então mudou para uma investigação do significado da morte, e uma discussão investigando as razões do ser e o lugar da consciência no universo. Os diálogos finais revisam o vínculo profundo que Krishnamurti e Bohm viram entre estas questões essenciais e a vida do dia a dia, e o que podemos fazer sobre as barreiras que se encontram no caminho. Ajuda – não palavras. Como você ajudaria outra pessoa a chegar a isso? Entende o que estou tentando dizer?
O Centro de Estudos de Tiradentes – MG, organiza periodicamente encontros para diálogos e vivências para pessoas ou grupos interessados em aprofundar os temas abordados por Jiddu Krishnamurti. O Centro, que conta com acomodações e serviços de estadia, além de um bom acervo de livros, fitas e DVDs, desenvolve também trabalhos na área social-pedagógica.
Detalhes do local e maiores informações sobre os próximos encontros podem ser feitas diretamente com a responsável pelo projeto, Prof. Rachel Fernandes, através da homepage do Centro – www.centrokrishnamurti.com.
Além disso, o Centro de Estudos está aceitando propostas de parcerias para desenvolver estas atividades de convivência como também outros projetos afins. O encaminhamento de proposições pode ser feito também através do site ou diretamente com a responsável.
Desde a criação da Ordem da Estrela do Oriente, a Sra. Emily Lutyens, Representante da mesma em Londres, e sua filha Mary Lutyens, acompanharam a vida do Sr. J. Krishnamurti, viajando com ele freqüentemente para várias partes do mundo, e puderam reunir dados a seu respeito.
Em virtude da grande amizade e confiança de Krishnamurti em relação às duas Senhoras, ele sempre lhes escrevia relatando acontecimentos íntimos. Sabia também que elas tudo registravam num Diário, para objetivos póstumos.
Além disso, receberam as informações reunidas pelo Sr. Shiva Rao, antigo membro do Parlamento indiano, que, igualmente, por longo tempo, convivera com J. Krishnamurti. Pretendia escrever a biografia dele, mas faleceu antes de cumprir seu intuito.
Com a morte da Sra. Emily Lutyens, coube à sua filha, Mary Lutyens, escrever as obras intituladas: “Krishnamurti – The Years of Awakening” (Os Anos do Despertar); “Krishnamurti – The Years of Fulfilment (Os Anos de Plenitude) e “Krishnamurti – The Open Door (A Porta Aberta).
No livro Palestras em Auckland, 1934″, diz Krishnamurti: (…) E vós vos tendes preparado (…) e não importa que eu seja o Instrutor ou não. Ninguém vô-lo pode dizer, (…) porque nenhuma outra pessoa pode sabê-lo, exceto eu próprio; e, mesmo assim, eu vos digo que isso não importa. Jamais contradisse isso, apenas digo: deixai isso de parte”. (…) (pág. 101-102)
Em “A Fonte da Sabedoria” (Palestras em Eerde, Acampamento de Ommen, Holanda, de 1926-1928), sob o epígrafe “Quem traz a Verdade”, revela Krishnamurti os encontros que teve em sua ascensão espiritual:
Quando, no entanto, eu era rapazinho, costumava ver Shri Krishna (…) tal como é desenhado pelos hindus, pois minha mãe era devota de Shri Krishna. (…) Quando, crescendo em idade, encontrei o Bispo Leadbeater e a Sociedade Teosófica, comecei a ver o Mestre K.H. e, desde então, o Mestre K.H. era para mim a finalidade.
Segue: Mais tarde ainda, e à medida que ia crescendo, comecei a ver o Senhor Maitreya (nome do Senhor Cristo na Índia). Foi isto há dois anos e via-O constantemente na forma que perante mim era colocada. (pág. 57)
Faço-vos esta narrativa, não para obter autoridade nem criar uma crença, (…). Foi para mim uma luta constante encontrar a verdade, pois não me sentia satisfeito com a autoridade de outrem. Quis por mim próprio descobrir e, naturalmente, tive de passar por sofrimentos para achar o que buscava. (pág. 57)
Ultimamente tem sido o Senhor Buddha a quem tenho visto e tem sido meu deleite e minha glória o estar com Ele. (pág. 57)
Tem-me sido perguntado o que entendo pelo “Bem Amado”. Dar-vos-ei um significado, uma explicação que interpretareis como vos aprouver. Para mim, é tudo – é Shri Krishna, é o Mestre K.H., é o Senhor Maitreya, é o Buddha e, no entanto, está para além de todas essas formas. (pág. 57)
Que importa o nome que Lhe derdes? Lutais pelo Instrutor do Mundo, por um nome? O mundo nada sabe acerca do Instrutor; alguns dentre nós, individualmente, sabem: alguns acreditam por autoridade; outros têm sua própria experiência e conhecimento próprio.(…) (pág. 57)
Disse a mim próprio: enquanto não me unificar com todos os Instrutores, que eles sejam os mesmos é coisa que não tem importância, se Shri Krishna, Cristo, o Senhor Maitreya são uma só pessoa, é coisa também sem grande conseqüência. (pág. 58)
Disse a mim mesmo: enquanto eu os vir no exterior, como em um quadro, uma coisa objetiva, estou separado, estou afastado do centro; quando, porém, tiver a capacidade, a força, quando tiver determinação, quando estiver purificado e enobrecido, então essa barreira, essa separação desaparecerá. Não fiquei satisfeito enquanto esta barreira não foi despedaçada, a separação não foi destruída. (…) (pág. 58)
Falei de vagas generalidades, que todos precisavam ouvir. Nunca disse: Eu sou o Instrutor do Mundo; agora, porém, que sinto que sou uno com o Bem Amado, eu o digo, não a fim de vos impor minha autoridade, ou para vos convencer de minha grandeza ou da grandeza do Instrutor do Mundo, nem mesmo da beleza da vida ou da simplicidade da vida, mas simplesmente para despertar o desejo em vossos corações e em vossas mentes de buscardes a Verdade. (…) (pág. 58-59)
Daí estar eu capacitado para vos dizer que sou uno com o Bem Amado – quer o interpreteis como sendo o Buddha, o Senhor Maitreya, Shri Krishna, o Cristo, ou qualquer outro nome. (pág. 59)
No panfleto “Que o Entendimento Seja Lei” (conferência em Eerde, Ommen, Holanda, 1928) diz:
“Repito que não tenho discípulos. Cada um de vós é discípulo da Verdade, desde que compreenda a Verdade e não se ponha a seguir outros indivíduos. Não tenho seguidores.
“Espero que não considereis a vós mesmos como meus seguidores, porque, se o fizerdes, estareis pervertendo e traindo a Verdade que eu defendo. (…) (pág. 4)
(…) Não há compreensão no culto das personalidades. Os rótulos que adorais carecem de significação. (…) A Verdade transcende todas as graduações, porquanto essas graduações só existem por causa das limitações humanas. (pág. 5)
(…) Eu sei o que sou; sei qual é a minha finalidade na Vida, porque sou a própria Vida, sem nome, nem limitação.
E porque sou a Vida, desejo instar-vos a adorar essa vida, não na forma que é Krishnamurti, porém a vida que reside dentro de cada um de nós. (…)” (pág. 16)
Em outro opúsculo “A Finalidade da Vida” (Conferência em Eerde, Ommen, Holanda, 1928): “Não desejo que me rendais culto; não desejo que acrediteis no que digo; não desejo que façais de mim um santuário para vosso refúgio; (…) Porque o que vedes de mim, esta personalidade, este corpo, é coisa irreal, sujeita ao declíneo perecível.” (…) (pág. 19)
Também em “A Arte da Libertação: “Pergunta: Não sois vós mesmo um guru?” Resposta: Podeis fazer de mim um guru, mas eu não o sou. Não quero ser guru, pela simples razão de que não há caminho para a verdade. (…) A verdade é uma coisa viva, e para uma coisa viva não há nenhum caminho. (…) Porque a verdade não tem caminho, para a descobrirdes tendes de ser aventuroso, estar pronto para o perigo; e pensais que um guru vos ajudará a ser aventuroso, a viver no perigo? (…) (pág. 123-124)
Entrevista de Krishnamurti em Londres, 20-06-1928 (Boletim Internacional da Estrela, de agosto de 1928): “Senhor, eu o tenho dito (…) Krishnamurti, como tal, não mais existe. Assim como o rio entra no oceano e nele se perde, assim Krishnamurti entrou naquela vida (…). Assim (…) entrou nesse Oceano da Vida e é o Instrutor, pois no momento em que se entra nessa Vida – que é cumprimento de todos os Instrutores – o indivíduo como tal cessa de existir”. (pág. 20-21)
De novo, em “Que o Entendimento seja Lei”: “Pergunta: Sois o Cristo de volta ao mundo? – Resposta: Amigo, quem julgais que eu sou? (…) Não estais interessado na Verdade; estais interessado no vaso que contém a verdade (…). Eu vos digo que possuo essa água pura; possuo o bálsamo que purifica e que cura soberanamente. E me perguntais: Quem sois? – Eu sou todas as coisas – porque sou a Vida.” (pág. 21-22)
Igualmente, em “Palestras em Auckland, 1934” – “Pergunta: Sois o Messias?
Krishnamurti: Tem isso grande importância? Esta é (…) uma das perguntas que me têm sido feitas por toda parte (…). Ora, eu jamais neguei ou afirmei ser o Messias, o Cristo que voltou; (…) Ninguém vô-lo pode dizer. Mesmo que eu o dissesse, isso seria (…) destituído de valor (…). (Palestras em Auckland, 1934, pág. 120)
Continua: “Assim, pois, (…) esforçai-vos para averiguar se o que estou dizendo é verdadeiro; (…) desembaraçar-vos-eis de toda autoridade, (…). Para os seres humanos realmente criadores, inteligentes, não pode haver autoridade. (…)” (Idem, pág. 121)
Da mesma forma, em “Novo Acesso à Vida”: “Pergunta: Como pretendeis justificar (…) que sois o Instrutor do Mundo?
Resposta: Não tenho interesse algum em justificá-lo. Não é o rótulo que importa, Senhores. O grau, o título não tem importância alguma: o que tem importância é o que sois.
Rasgai o título, pois, jogai-o na cesta de papéis, queimai-o, destruí-o, livrai-vos dele. (…)
Senhores, os títulos, sejam títulos espirituais, sejam títulos mundanos, são meios de explorar os outros. (…)” (pág. 45)
E ainda, em “Uma Nova Maneira de Viver”: “Pergunta: A S.T. anunciou que vós sois o Messias e o Instrutor do Mundo. Por que deixastes a S.T. e renunciastes ao título de Messias?
Krishnamurti: Agora, com relação ao título de Messias, a questão é muito mais simples. Eu nunca o neguei, e acho que não tem muita importância se o fiz ou não. O que para vós deve importar é se o que digo é ou não a verdade.”
Segue: “Portanto, não vos deixeis levar pelo rótulo, (…). Se eu sou o Instrutor do Mundo ou o Messias, ou o quer que seja, isso não tem importância nenhuma. Se o achais importante, perdereis então a verdade do que estou dizendo, porque estais julgando pelo rótulo. (…) Um dirá que sou o Messias, outro dirá que não sou, e onde ficais? (…)” (pág. 149)
Por fim, em “Palestras na Itália e Noruega”, 1933. “Pergunta: Foi dito que sois a manifestação do Cristo em nossos dias. Que tendes a dizer sobre isto?
Krishnamurti: Meus amigos, por que fazeis semelhante pergunta? (…) Perguntais porque quereis (…) julgar o que digo de conformidade com o padrão que possuís. (…) Isto é de mui pequena importância e, além disso, como poderíeis saber o que sou ou quem sou, mesmo que eu vô-lo dissesse? (…)” (pág. 66)
Continua: “Desejais saber quem sou em virtude de estardes incertos (…). Não estou afirmando ser ou não o Cristo. (…) para mim a pergunta carece de importância. O que é importante é saberdes se o que digo é verdadeiro; ( … )” (pág. 66-67)
Segundo informações constantes da obra “Krishnamurti – Os Anos do Despertar”, de Mary Lutyens (Ed. Cultrix, S.Paulo, 1978), teria o Mestre Universal começado a manifestar-se em Krishnamurti por ocasião de reuniões importantes, com a presença de grande público, nos anos de 1925, 1926, 1927. (pág. 226, 227, 242, 278, 280).
À página 221, inicia a autora o capítulo “A Primeira Manifestação”. Trata do Congresso da Estrela, na Índia, que teve lugar em Adyar, Índia, em 28-12-1925. (No artigo “Uma Explicação”, de Annie Besant, publicado em “O Teosofista” nº 155, de março de 1927, são confirmados os aparecimentos acima, e é informado que o Congresso da Estrela, de 1925, teve a presença de 7.000 pessoas).
No certame, estava Krishnamurti no final do discurso quando, referindo-se ao Mestre universal, disse:
“Ele só vem para os que querem, que desejam, que anseiam (…)”; e, de súbito, sua voz se modificou completamente e soou: “Eu venho para os que querem simpatia, os que desejam felicidade, os que anseiam libertar-se (…). Venho para reformar e não para destruir, não venho demolir, senão construir.”
Registra Mary Lutyens que muitos notaram não só a alteração para a primeira pessoa, como uma diferença de voz. A Sra. Annie Besant, Leadbeater e Raja (Jinarâjadâsa) tiveram perfeita consciência da mudança. Na reunião final do congresso, teria a Sra. Besant declarado:
“(…) Este acontecimento (de 28 de dezembro) marcou a consagração definitiva do veículo escolhido (…) a aceitação final do corpo eleito há muito tempo (…). O advento começou (…)” (pág. 226-227)
Igualmente, no livro “Krishnamurti – Los Años de Plenitud” (Ed. Edhasa, Barcelona, 1984) se lê que, em 1927, escrevia Krishnamurti ao Sr. C.W. Leadbeater: “Eu conheço meu destino e meu trabalho. Sei com certeza, e com meu próprio conhecimento, que me estou fundindo na consciência do Mestre, e que Ele há de encher plenamente meu ser”. (pág. 14)
Nessa mesma fonte (“Los Años de Plenitud”) consta que a Sra. Besant, então acompanhada de Krishnamurti, teria feito declaração à Imprensa, nos E.U.A, assim concluindo:
“O Instrutor do Mundo está aqui” (pág. 14). Nas páginas 3, 12, 15, 249 desse livro, é repetida a 1ª manifestação do Instrutor universal em 28-12-1925, e outras em 1926 e 1927.
Ambas as obras acima fazem constantes referências a um “processo” de adaptação física, psíquica e espiritual, a que teria estado submetido Krishnamurti durante toda a sua vida. “Os Anos do Despertar”, pág. 169, 174-191; “Los Años de Plenitud”, pág. 8, 36, 37, 73, 119, 121-126, 150, 184, 255. O “processo” consta igualmente do “Diário” de Krishnamurti, vol. I e II.
Em algumas sessões do “processo”, e mesmo em outras ocasiões, foi revelada a presença, quer dos Senhores Maitreya e Buddha, quer do Mestre K.H. Dos textos, deduz-se que o processo tinha como objetivo não só a evolução individual de Krishnamurti, como a adaptação de seus veículos para a fusão de sua consciência com a do Senhor.
Verifica-se isso também em: “Os Anos do Despertar”, pág. 48, 160-167, 179-181, 189, 196-197, 209, 225-227, 242, 250-251, 255-256); “Os Anos de Plenitude”, pág. 12-13, 121, 125-126, 243, 245, 253).
Nesta noite, vamos percorrer um longo caminho. Ontem estivemos tratando do sofrimento e do findar do sofrimento. Quando o sofrimento chega ao fim, há paixão. Pouquíssimos de nós realmente compreendem a questão do sofrimento ou nela penetram profundamente. Será possível liquidar, de vez, o sofrimento? Todos os seres humanos têm feito essa pergunta, embora, talvez, não muito conscientemente, mas, no fundo, todos querem saber se a dor e o sofrimento humano podem acabar. Enquanto o sofrimento não termina, não pode haver amor.
O sofrimento é um violento golpe no sistema nervoso, como um soco no corpo e na psique. E geralmente tentamos escapar dele através de drogas, bebida, movimentos religiosos – ou, então, acabamos cínicos ou passamos a aceitar as coisas como inevitáveis.
Será que podemos investigar, a fundo e com seriedade, se é possível ficar com o problema sem fugir dele? Suponhamos que perca meu filho e, sofrendo com isso um grande choque, experimentando uma dor imensa, descubra que sou um ser humano extremamente solitário. Não consigo encarar nem suportar a situação e, por isso, fujo dela. Há inúmeras formas de fuga – religiosas, mundanas ou filosóficas. Mas será que posso permanecer com o que aconteceu, com essa coisa chamada sofrimento, sem procurar, de modo algum, fugir da dor, da angústia, da solidão, da aflição, do abalo? Será que podemos observar um problema, observá-lo apenas, sem procurar resolvê-lo, olhar para ele como se fosse uma jóia preciosa, de fino acabamento? Para uma coisa bonita olhamos sem parar, sem qualquer desejo de fugir dela; sua beleza nos atrai tanto e tanto prazer nos proporciona que ficamos olhando para ela o tempo todo. Se, da mesma forma, pudermos observar nosso sofrimento, sem um movimento sequer de julgamento ou fuga, ficar com a tristeza… nesse caso, a própria ação de ficar com o fato nos liberta completamente daquilo que produziu a dor. Voltaremos a isso depois.
Desejamos também considerar o que é a beleza – não a beleza de uma pessoa nem de quadros e estátuas de museus, nem os mais remotos esforços do homem para transmitir seus sentimentos através da pedra, da pintura ou de um poema, mas indagar a nós mesmos o que é a beleza. Talvez a beleza seja a verdade. Talvez seja o amor. Sem compreendermos a natureza e a profundidade dessa coisa extraordinária que é a beleza, jamais chegaremos ao que é sagrado. Examinemos, portanto, a questão da beleza.
O que acontece quando vemos algo grandioso como a montanha coberta de neve contra o céu azul? Por um segundo a majestade da montanha, com sua imensidão, com seu belo recorte contra o céu azul apaga toda nossa preocupação com nós mesmos. Nesse segundo, não há “ninguém” a olhar. Por um segundo, a grandiosidade da montanha afasta todo sentimento egocêntrico do nosso viver. Certamente que já devem ter notado isso. Já observaram uma criança com um brinquedo? Durante o dia inteiro ela fez travessuras (o que é normal), e então damos um brinquedo a ela. Agora, por um bom tempo, até que escangalhe o brinquedo, ela permanece tranqüila; o brinquedo dissipou sua agitação, absorveu-a. Assim também quando vemos algo extremamente belo – a beleza nos absorve? Significa isso que só há beleza quando cessa a luta do eu, quando não existe mais egocentrismo. Compreendem isso? Se não ficamos absorvidos nem impressionados por algo muito belo, como uma montanha ou um vale cheio de sombras; se não somos arrebatados pela montanha, podemos compreender a beleza sem o ego? Quando o eu está presente, não há beleza; quando existe egocentrismo, não há amor; e o amor e a beleza estão sempre juntos – não são duas coisas separadas.
Temos de tratar também da morte. Isso é uma coisa que todos precisamos encarar. Sejamos ricos ou pobres, ignorantes ou eruditos, jovens ou velhos, a morte é inevitável para todos nós; todos vamos morrer. E nunca fomos capazes de compreender a natureza da morte; estamos sempre com medo de morrer, não estamos? Para compreender a morte temos de indagar o que é o viver, o que é a nossa vida, pois estamos desperdiçando a nossa vida, estamos desperdiçando nossas energias de muitas maneiras, nas muitas profissões especializadas. Pode ser que sejam ricos, muito competentes, que sejam especialistas, um grande cientista ou um homem de negócios; pode ser que tenham poder, posição, mas, no fim da vida, será que tudo isso não foi um desperdício? Toda essa lida, sofrimento, essa enorme ansiedade e insegurança, as tolas ilusões que o homem acumulou (deuses, santos, etc.), não será tudo isso um desperdício? Por favor, essa é uma pergunta séria, que cada um tem de fazer a si próprio. Ninguém pode responder por nós. Costumamos separar o viver do morrer. A morte fica lá no fim da vida; nós a colocamos o mais longe possível – depois de muito tempo. Mas, ainda que seja uma longa jornada, temos de morrer. E o que é isso a que chamamos viver – ganhar dinheiro, ir ao escritório das nove às cinco? E com isso sofremos interminável conflito, temor, ansiedade, solidão, desesperança, depressão. Mas será que toda essa existência a que chamamos vida, viver (essa imensa vicissitude do homem com seu conflito sem fim, decepção, degradação) – será isso viver? Mas é a isso que chamamos viver; é isso que conhecemos, é como isso que estamos familiarizados, essa é a nossa existência diária. E a morte significa o fim de tudo, o findar de tudo que pensamos, acumulamos e gozamos. E vivemos apegados a tais coisas. Estamos apegados à família, ao dinheiro, aos conhecimentos, às crenças com as quais temos convivido, aos ideais. Estamos apegados a tudo isso. E a morte vem e diz: “Esse é o fim de tudo, meu velho”.
Tememos morrer, isto é, deixar tudo que conhecemos, tudo que experimentamos, reunimos – nossa encantadora mobília e a bela coleção de quadros de pintura. A morte chega e diz: “Nada mais lhe pertence.” É por isso que nos apegamos ao conhecido e tememos o desconhecido. Podemos inventar a reencarnação, que devemos renascer numa próxima vida. Mas nunca indagamos o que nasce na vida seguinte. O que renasce é um feixe de memórias.
A pergunta, portanto, é esta: por que o cérebro separou o viver (que é conflito e tudo o mais) do morrer? Por que essa divisão? Existe essa divisão quando há apego? Podemos viver no mundo moderno com a morte? Não estamos falando de suicídio, mas em acabar com o apego (e isso é a morte) enquanto vivemos. Estou apegado à casa em que vivo – comprei a casa por um bom dinheiro e apego-me ao mobiliário, aos quadros, à família, a todas essas memórias. Então chega a morte e acaba com tudo. Mas será que podemos conviver diariamente com a morte, dando um fim a tudo no fim de cada dia, eliminando todo nosso apego? Isso é o que significa morrer. Como costumamos separar o viver do morrer, estamos sempre com medo. Quando levamos juntos, contudo, a vida e a morte, o viver e o morrer, então descobrimos que há um estado cerebral em que cessa todo conhecimento como memória.
Precisamos do conhecimento para escrever uma carta, vir até aqui, falar inglês, fazer a contabilidade, ir para casa etc. Mas será que podemos usar o conhecimento sem sobrecarregar a mente? Poderá o cérebro usar o conhecimento quando necessário, mas estar livre de todo conhecimento? Nosso cérebro está sempre registrando; agora mesmo estão registrando o que se está dizendo. O registro torna-se memória e a memória, nesse registro, é necessária em certo domínio, no domínio da atividade física. Por conseguinte, pode o cérebro usar o conhecimento quando necessário mas estar livre do velho conhecimento? Pode o cérebro estar livre para funcionar perfeitamente noutra dimensão? Todos os dias, portanto, quando forem dormir, eliminem tudo que acumularam; morram no fim do dia.
E então ouvimos uma declaração como esta: viver é morrer; viver e morrer não são duas coisas diferentes. Se não ouvirem essa declaração com os ouvidos apenas, se estiverem escutando com muita atenção, perceberão a verdade do fato, perceberão a realidade. E, imediatamente, verão como isso é claro. Assim, será que, no fim do dia, podemos morrer para tudo que não for necessário? Morrer para a lembrança de nossas mágoas, nossas crenças, temores, ansiedades, infortúnios – será que podemos pôr fim a tudo isso diariamente? E aí descobrimos que estamos vivendo com a morte o tempo todo, pois a morte é o fim.
Precisamos, de fato, investigar essa questão do findar. Nunca terminamos, definitivamente, coisa alguma; só quando conseguimos alguma vantagem com isso, alguma recompensa. Mas, será que podemos viver assim no mundo de hoje – liquidando tudo voluntariamente, sem pensar no futuro, sem esperar por algo “melhor”, ter, portanto, uma maneira holística de viver, vivendo e morrendo a cada momento? Estamos tratando juntos de coisas que o homem se vem ocupando há um milhão de anos – o viver e o morrer. Temos, portanto, de examinarmos juntos o problema e não reagir a ele, dizendo: “É, mas eu creio na reencarnação” – pois, nesse caso, termina o diálogo entre nós.
Estamos apegados a um mundo de coisas – ao nosso guru, ao conhecimento acumulado, ao dinheiro, às crenças com que temos vivido, aos ideais, à memória de nosso filho ou filha e por aí afora. Nós somos a memória. Nosso cérebro é todo memória – não somente a memória dos conhecimentos recentes mas também a dos remotos, a memória profunda que conserva o que foi o animal, o macaco. Fazemos parte dessa memória e estamos apegados a toda essa consciência. Certo? Isso é um fato. Aí chega a morte e diz: “Acabou o seu apego.” E nós tememos tal coisa, tememos ficar completamente libertos disso tudo. A morte, no entanto, retira de nós tudo que adquirimos. Podemos inventar e dizer: “Sim, mas eu continuo na próxima vida.” Mas o que é que continua? Compreendem a pergunta? Que significa o desejo de continuar? Haverá alguma espécie de continuidade a não ser a da sua conta bancária, ir diariamente ao escritório, a rotina do culto e a continuidade das crenças – tudo que o pensamento criou?
O pensamento é limitado e, assim, cria conflito – já vimos isso. E o eu, o ego, a persona é um complicado feixe de memórias, antigas e recentes. Vivemos de memórias. Vivemos do conhecimento, adquirido ou herdado; somos o produto do conhecimento. O eu é o conhecimento resultante das experiências passadas, dos pensamentos etc. Isso é que é o eu. O eu pode inventar que há algo divino em nós; mas isso ainda é atividade do pensamento. E o pensamento é sempre limitado. Podem ver isso por si mesmos; não precisam ler livros nem estudar as filosofias; podem perceber claramente por si próprios que são um feixe de memórias. E a morte põe fim a toda memória. Eis porque ficamos atemorizados. A questão, portanto, é esta: podemos conviver com a morte no mundo moderno?
Agora devemos também examinar juntos o que é o amor. Será que o amor é sensação? Será desejo? Será prazer? Será coisa criada pelo pensamento? Será que amam a esposa ou o marido ou os filhos? Será que o amor é ciúme? Não digam que não. Será que o amor é medo, ansiedade, sofrimento e tudo mais? O que é o amor? E sem esse quê, esse perfume, essa chama (ainda que sejam ricos, tenham poder, posição, importância) sem amor, serão apenas uma concha vazia. Precisamos, por conseguinte, aprofundar essa questão do amor. Se amassem seus filhos, haveria guerras? Se amassem seus filhos, permitiriam que eles matassem outros? Pode haver amor quando existe ambição? Por favor, enfrentem tudo isso. Mas não conseguimos porque estamos presos a uma rotina, à sensação repetida de sexo etc.
O amor nada tem que ver com prazer, com sensação. O amor não provém do pensamento; não faz parte, por isso, da estrutura do cérebro. É algo que está completamente fora do cérebro, pois o cérebro, por sua própria natureza, é instrumento da sensação, das reações nervosas etc. Quando há sensação, não existe amor. O amor não é coisa da memória.
E temos que discutir sobre a vida religiosa e a religião. Essa é uma questão muito complexa. Os seres humanos vêm buscando alguma coisa que esteja além do mundo físico, além da existência diária do sofrimento, dor ou prazer. Têm buscado algo transcendente, primeiro nas nuvens, sendo o trovão a voz de deus. Depois, cultuaram árvores, pedras – e os aldeões que vivem longe desta feia e detestável cidade ainda veneram pedras, árvores, pequenas imagens. O homem deseja saber se existe alguma coisa sagrada e, então, chega o sacerdote e diz: “Vou-lhe mostrar” – é exatamente o que faz o guru. Os sacerdotes do Ocidente possuem seus rituais, frases de repetição, roupas ornamentadas e o culto a imagens. E os daqui também têm suas próprias imagens. Há os que não acreditam em nada disso; são ateus e se dizem humanitaristas. Mas os que ouvem a este que fala querem descobrir se há algo fora do tempo, além do pensamento. Vamos, portanto, investigar juntos, exercitar nosso cérebro, nossa razão, nossa lógica para averiguar o que é religião, o que é vida religiosa e se é possível viver uma vida religiosa neste mundo moderno.
Investiguemos, por conseguinte, para descobrir o que, de fato e verdadeiramente, é a vida religiosa. E só podemos descobrir isso quando compreendemos o que são as religiões e as descartamos totalmente – não quando pertencemos a uma religião, a uma organização, um guru ou determinada autoridade que se diz espiritual. Não há autoridades espirituais; esse é um dos crimes que cometemos: inventar um mediador entre nós e a verdade.
Quando indagamos o que é religião, nessa própria indagação já estamos vivendo religiosamente; não no fim dela. No processo mesmo de olhar, observar, discutir, duvidar, objetar, não ter crença nem fé, nessa própria investigação já estamos levando uma vida religiosa. Vamos fazer isso agora.
Tratando-se de assunto religioso, parece que perdem a razão, a lógica, o bom senso. Precisamos, portanto, ser lógicos, racionais, descrentes, indagadores em relação a tudo que o homem criou – deuses, salvadores, gurus e toda sua autoridade; precisamos eliminar, completamente, tudo isso. Nada disso é religião; é apenas a autoridade que alguns poucos assumem. Nós é que lhes conferimos autoridade.
Já notaram que, sempre que há desordem social e política nas relações humanas, aparece um déspota, um ditador? Temos recentes exemplos disso. Sempre que há desordem em nossa vida, criamos uma autoridade; somos responsáveis pela autoridade e existem pessoas prontas a aceitar essa autoridade. Sempre que há medo, inevitavelmente o homem procura um meio de se proteger, de se manter em segurança, uma vez que ele se sente atemorizado. E é por causa desse medo que inventamos deuses. Por causa desse medo é que inventamos os rituais e todo esse circo a que damos o nome de religião. Todos os templos neste país, todas as igrejas e mesquitas, tudo isso foi o pensamento que criou. Podem afirmar que há uma revelação sem jamais duvidarem de tal coisa. Mas ponham em dúvida essa revelação. Acontece que aceitam; se usarem, contudo, a lógica, a razão, o bom senso, perceberão como acumulam superstições – e nada disso, obviamente, é religião. Será que podem descartar tudo isso para descobrir a essência da religião, qual é a mente, o cérebro, capaz de viver religiosamente? Será que podem, como seres humanos cheios de temor, viver sem inventar nada, sem criar ilusões, e enfrentar o medo? O medo psicológico pode desaparecer completamente quando ficamos com ele, sem fugir dele, dando a ele total atenção. É como lançar um jato de luz sobre o medo, um forte jorro de luz; o medo se extingue por completo. E, quando não há medo, já não há mais deuses, já não mais rituais, pois tudo isso se torna desnecessário, estúpido. As coisas que o pensamento inventa nada têm que ver com religião, pois o pensamento não passa de um processo material resultante da experiência, do conhecimento e da memória. É o pensamento que inventa todo o palavrório e estrutura das religiões organizadas, que já perderam totalmente a significação. Será que, voluntariamente, podem rejeitar tudo isso sem esperar por uma recompensa? Será que querem fazer isso? Se fizerem, então ninguém mais perguntará o que é religião.
E haverá alguma coisa que ultrapasse o tempo e o pensamento? Podem fazer essa pergunta mas, se o pensamento inventar que existe algo transcendente, isso ainda constitui um processo material. O pensamento é um processo material que acumula o conhecimento nas células cerebrais. O orador não é cientista, mas podem ver isso em si mesmos, podem observar em seu próprio cérebro a atividade do pensamento. Desse modo, se puderem desfazer-se de tudo isso voluntariamente, sem oposição nem resistência, nesse caso, inevitavelmente, indagarão: existirá algo que esteja além do tempo e do espaço? Haverá algo jamais visto antes por qualquer outro homem? Haverá algo imensamente sagrado? Haverá algo jamais tocado pelo cérebro? E é isso que vamos descobrir, se é que já deram o primeiro passo, o de varrer completamente toda essa baboseira chamada religião. Quando usam o cérebro e a lógica, podem duvidar, indagar.
Assim, o que significa a meditação que faz parte da religião? O que é meditação? Será fugir do tumulto, ter uma mente silenciosa, uma mente tranqüila e pacífica? E, para ficarem atentos, para manterem os pensamentos sob controle, praticam um sistema, um método, um processo. Sentam-se de pernas cruzadas e repetem um mantra qualquer. Disseram-me que essa palavra, etimologicamente, significa “ponderar”, “não vir a ser”, “absorver”, “eliminar toda atividade egocêntrica”. Mas nós repetimos, repetimos, repetimos e continuamos vivendo egocentricamente, egoisticamente, pois mantra perdeu o significado.
O que é, pois, meditação? Será um esforço consciente? Costumamos meditar conscientemente, praticar a fim de conseguir alguma coisa – uma mente ou um cérebro tranqüilo, um estímulo para o cérebro. Mas qual é a diferença entre esse meditador e o homem que diz “Quero dinheiro e vou trabalhar para obtê-lo?” Qual é a diferença entre os dois? Ambos estão buscando alguma coisa. Só que a busca de um classificamos de espiritual e a do outro, de mundana. Não obstante, ambos estão buscando algo. Assim, para o orador, isso não é meditação; meditação nada tem que ver com qualquer desejo consciente e deliberado como produto da vontade.
Precisamos indagar, portanto, se há alguma espécie de meditação que não seja produzida pelo pensamento. Haverá alguma espécie de meditação da qual não estejamos consciente? Compreendem isso? Nenhum processo deliberado de meditação é meditação. Isso é tão claro! Podem sentar-se de pernas cruzadas pelo resto da vida, meditar, respirar e praticar tudo mais sem que cheguem sequer perto da outra coisa, pois isso não passa de uma ação intencional para conseguir um resultado – causa e efeito. Mas o efeito torna-se a causa e, assim, acabam presos num círculo. Haverá uma espécie de meditação que não resulte do desejo, da vontade, do esforço? O orador afirma que há. Mas não precisam acreditar nisso; pelo contrário, devem duvidar, indagar, assim como o orador indagou, duvidou, rejeitou. Haverá uma espécie de meditação não planejada nem organizada? Para examinar isso, precisamos compreender o cérebro condicionado, o cérebro limitado, o cérebro que tenta alcançar o ilimitado, o imensurável, o atemporal, se é que existe esse atemporal. E, para isso, é necessário compreender o som. Som e silêncio são inseparáveis.
Costumamos separar o som do silêncio. O som é o mundo; o som é a batida do coração; o universo está repleto de sons; os céus, as milhares de estrelas, todo o firmamento está cheio de som. E consideramos o som uma coisa intolerável. Mas, quando escutamos o som, o próprio ato de escutar é silêncio. O silêncio não se separa do som. A meditação, portanto, não é algo planejado, organizado. A meditação apenas é. Começa com o primeiro passo que é o estar livre de todos os ressentimentos, livre de tudo que já acumulamos – temores, ansiedades, solidão, desespero, sofrimento. Essa é a base, o primeiro passo e o primeiro passo é o último passo. Se derem o primeiro passo, termina tudo. Mas não estamos com vontade de dar esse primeiro passo porque não queremos ser livres. Queremos depender – do poder, de pessoas, do meio-ambiente, de nossa experiência, do conhecimento. Nunca nos libertamos da dependência, do medo.
No findar do sofrimento está o amor. E nesse amor há compaixão. A compaixão tem sua própria inteligência. E quando age a inteligência, atua a própria verdade. Quando essa inteligência está presente, não há conflito. De tudo já ouviram falar – da cessação do medo, do findar do sofrimento, da beleza e do amor. Mas uma coisa é ouvir, e outra, agir. Ouvem tudo isso (que é verdadeiro, lógico, sensato, racional) mas não agem de acordo com isso. Vão para casa e começa tudo de novo – as preocupações, os conflitos, toda a miséria. Assim, perguntamos: qual é a finalidade de tudo isso? Que adianta ouvir este orador e não viver o que ele diz? Quando ouvimos e não agimos, desperdiçamos nossa vida; se ouvirem algo verdadeiro e não agirem, estarão desperdiçando a vida. E a vida é algo muitíssimo precioso – é a única coisa que temos. E acontece que perdemos também contato com a natureza, o que significa que perdemos contato com nós mesmos, parte que somos da natureza. Não amamos as árvores nem os pássaros nem as águas nem as montanhas. Estamos a nos destruir uns aos outros. E tudo isso é desperdício de vida.
Quando percebemos toda essa coisa não apenas intelectualmente nem verbalmente, então vivemos uma vida religiosa. Botar uma tanga, tornar-se pedinte ou entrar para um mosteiro, nada disso é vida religiosa. A vida religiosa começa quando cessa o conflito, quando existe amor. Podemos amar uma pessoa (esposa ou marido), mas aquele amor é para todos os seres humanos, não se destina a uma só pessoa, não é restritivo. Portanto, se empenharem coração, mente e cérebro haverá algo que transcende o tempo. E aí estará a bênção – não nos templos, nas igrejas nem mesquitas. Essa bênção estará onde estivermos.
Krishnamurti. Bombaim. 10/02/1985. K. F. Bulletin 54 (1988) – Carta de Notícias. Janeiro-Dezembro 1991. ICK.