- Indivíduo, Conceito; Ser Total, Livre, Independente
Atualmente, não sois indivíduos, mas simples máquinas de imitar, produto de certo meio cultural, (…) sistema educativo. Sois o corpo coletivo, não sois indivíduo (…) Todos sois hinduístas ou cristãos, isto ou aquilo, com certos dogmas, crenças, o que significa que sois produto da massa. (…) (Da Solidão à Plenitude Humana, pág. 80)
Quando sois controlado por outro indivíduo, pelo poder do dinheiro, da posição, do prestígio, está sendo completamente negado, destruído o sentimento de que sois um indivíduo, um ente humano, uma unidade independente. (…) (Debates sobre Educação, pág. 132)
Nós não somos indivíduos. Temos nomes separados. Vós tendes um corpo separado; (…) mas, interiormente, psicologicamente, não sois um indivíduo. Pertenceis à raça, à comunidade, à tradição, ao passado, e, por conseguinte, deixastes de ser criador. (O Despertar da Sensibilidade, pág. 178)
Porque não somos indivíduos, não sabemos o que significa amar. Só compreendemos o amor que contém ciúme, ódio, inveja (…) E o homem que deseja compreender essa coisa chamada “amor”, deve, antes de tudo, compreender o que significa ser livre. (Idem, pág. 178)
(…) Porém, nós não somos indivíduos em absoluto; somos resultado da cultura na qual vivemos. Um indivíduo significa uma entidade que não está fragmentada, que é total; nós não somos isso. Estamos divididos, fragmentados, em estado de contradição dentro de nós mesmos. Portanto, não somos indivíduos. (El Despertar de la Inteligencia, 1ª ed., pág. 94)
Pode-se ver que, enquanto nos estamos ajustando ao padrão da sociedade e somos apenas produtos do coletivo, não pode haver liberdade, mas só avidez e conflito (…) entre diferentes grupos e entre os chamados “indivíduos” dentro de cada grupo. O conflito, a disciplina, o desejo de expansão, etc., estão dentro do padrão da sociedade (…) (Palestras na Austrália e Holanda, 1955, pág. 24)
Quando compreendemos esse padrão e ficamos, assim, livres de todas as crenças impostas pela sociedade, seja ela comunista ou capitalista, seja cristã ou hinduísta, talvez então possa surgir o indivíduo genuíno, aquele que está completamente só, porém não isolado. (…) (Idem, pág. 24)
O homem isolado está todo entregue à sua atividade egocêntrica (…) fechado no seu egoísmo (…) Mas eu me refiro a coisa muito diferente, à solidão que é incorruptível. Nesse estado há liberdade. (Idem, pág. 24)
Você, como inglês, francês, americano, russo, indiano ou seja qual for a nacionalidade ou grupo ao qual pertença – é diferente do resto da humanidade? É um indivíduo separado, lutando isoladamente – almas separadas, cada uma buscando seu próprio preenchimento, felicidade, salvação, identificando-se com algo nobre, ilusório, imaginário? Você está vivendo em isolamento nesta terra, cada um sozinho – separado do resto da espécie humana? Essa separação, denominada “individualismo”, pode ser uma das causas pela qual o ser humano não vive em paz, nem em suas relações internacionais nem com seu vizinho. (The World of Peace, pág. 32)
Ora, para se agir, requer-se evidentemente individualidade verdadeira; mas (…) não somos, com efeito, verdadeiros indivíduos; psicologicamente, estamos separados. Não somos indivíduos, no sentido exato da palavra, pois somos constituídos de muitas camadas de memória, de tradição, conflito e padrões, tanto conscientes como inconscientes; (…) Nessas condições, se examinamos atentamente o indivíduo, não encontramos individualidade alguma, não encontramos originalidade. (…) (Que Estamos Buscando?, 1ª ed., pág. 139)
Um ser humano que não esteja dividido, não fragmentado, é realmente um indivíduo. Mas a maioria de nós não é indivíduo; pensamos que somos e, por conseguinte, há a oposição do indivíduo em relação à comunidade. Temos de entender não apenas o significado da palavra individualidade, na acepção que dá o dicionário, mas no sentido em que não há nenhuma forma de fragmentação. Isso implica perfeita harmonia entre a mente, o coração e o físico. Somente então existe a individualidade. (The Awakening of Intelligence, pág. 76)
Afinal, sois, ou não, indivíduos? Ora, o que é um indivíduo? Não o é um ser humano que é arrastado à ação pelo ambiente, pelas circunstâncias. Digo que a verdadeira individualidade consiste em libertar a mente do que é falso no ambiente e, assim, tornar-se verdadeiramente individual, e, então, haverá cooperação. (Palestras em Auckland, 1934, pág. 127)
Por favor, (…) neste mundo, tal como se acha constituído, cada indivíduo está lutando contra o seu próximo, em busca da própria segurança, proteção, preservação. Dessa maneira não pode haver cooperação. (…) Somente haverá cooperação que seja inteligente, humana, criativa, não egoísta, quando vós, como indivíduos, vos tornardes indivíduos plenos. (…) (Idem, pág. 127)
O que nos está conservando separados é o nosso preconceito, a nossa falta de percepção dos justos valores (…); e é somente como indivíduos que podemos derrubar esse sistema. Isso significa que não podeis ter nacionalidade alguma, nem sentimento de possessividade, embora tenhais vestuários e casa. (Palestras em Auckland, 1934, pág. 128)
Esse sentimento de posse desaparecerá quando houverdes descoberto vossas necessidades reais, quando toda a vossa atitude não for a de possessiva consciência de classe. Quando cada indivíduo tomar interesse pelo bem-estar da coletividade, então poderá haver verdadeira cooperação. Presentemente, não há cooperação porque sois arrastados, como carneiros, em uma direção ou em outra, pelas circunstâncias, e vossos líderes vos eclipsam porque sois apenas meios de exploração (…) (Idem, pág. 128)
Ser indivíduo é ser único, interiormente distinto, tranqüilo, só. A mente que está só encontra-se liberta de todo o seu condicionamento. E qual a sua relação com a mente que se acha condicionada? (…) (Experimente um Novo Caminho, pág. 21)
Todavia (…) Já expliquei o que entendo por individualidade. O estado em que a ação se realiza com entendimento, liberta de todos os padrões – sociais, econômicos ou espirituais (…) por ser ação nascida da plenitude do entendimento. (…) (Coletânea, de Palestras, pág. 52)
Mas, se compreendêssemos a verdadeira função da individualidade, então atacaríamos a causa raiz de todo esse caos no mundo, (…) que existe porque não somos verdadeiramente individuais. Por favor, compreendei o que quero dizer por ser individual; não quero dizer individualista. (…) (Palestras na Itália e Noruega, 1933, pág. 110)
(…) Mas se cada um, individualmente, começar a libertar-se de toda imitação, e dessa forma começar a realizar esta vida criadora, esta energia criadora que é livre e espiritual, então, eu sinto que não procurará nem dará tanta preeminência, seja ao possuir ou ao não possuir. (…) (Idem, pág. 111)
Para pôr termo ao caos do mundo, à inexorável agressão e exploração, não podeis ter em vista nenhum sistema. Somente vós mesmos podeis fazer isso quando vos tornardes responsáveis (…) quando estiverdes realmente criando, quando já não imitardes. Nessa liberdade, haverá a verdadeira cooperação, não o individualismo que agora existe. (Idem, pág. 112)
Só a mente livre de escolha é capaz de perceber o que é verdadeiro (…) Só quando estamos livres do fundo do condicionamento, existe a verdadeira individualidade; e isso requer muita reflexão e investigação. (As Ilusões da Mente, pág. 103)
Cada um de nós é uma entidade coletiva, ou um indivíduo separado, distinto? Vós e eu somos indivíduos separados, totalmente diferentes um do outro? Não é isso que entendemos por individualidade: uma mente não contaminada pelo coletivo, não moldada pelas circunstâncias, pelo ambiente, pelo passado? (Verdade Libertadora, pág. 128)
Vós e eu somos indivíduos assim? Evidentemente, não somos. Podemos pensar que somos indivíduos, mas, na realidade, as nossas crenças, tradições, nossos valores, modos de vida, são os mesmos do todo coletivo. Sois cristãos, ou hinduístas, ou budistas, ou comunistas, e isso significa que fostes contaminados, condicionados para serdes tais; e cada um se empenha em converter os outros. (Idem, pág. 128)
Ora, tal condicionamento do indivíduo é criador? Embora nos submetamos a esse condicionamento, nunca somos felizes interiormente; há sempre uma resistência. Porque, nessa submissão ao coletivo, não há liberdade; (…) E o indivíduo, vendo-se aprisionado pelas convenções e pela tradição, está sempre procurando expressar-se e preencher-se por meio da ambição. Trata então a sociedade de freá-lo, do que resulta conflito entre o indivíduo e a sociedade, uma guerra perene. (Poder e Realização, pág. 90)
Quase todos nós somos resultado do “coletivo”. Não há pensar individual. (…) Penso que a individualidade é completamente diferente da coletividade, e não é reação ao “coletivo”; mas a individualidade como coisa inteiramente separada do “coletivo” não existe. O que chamamos “individualidade” é apenas uma reação, e reação não é ação total. Toda reação produz mais limitação, condiciona mais ainda a mente. (O Homem Livre, pág. 91)
Não emprego, pois, a palavra “individualidade” no sentido de “oposição ao coletivo”; estou-me referindo a um estado mental totalmente independente, dissociado do processo coletivo de pensar. (…) O “coletivo” só pode reagir consoante o velho condicionamento, o velho padrão de pensamento; o importante, de certo, é que se verifique o despontar da individualidade, a qual é exterior à atual estrutura social e não faz parte do padrão coletivo do pensamento, com seus dogmas e crenças (…) (O Homem Livre, pág. 91-92)
Não sei se estais bem cônscios (…) Pode-se ver que a velha reação coletiva não se tem mostrado adequada (…) cria novos problemas (…) Nosso problema, portanto, é descobrir se a mente, resultado do coletivo, pode libertar-se e tornar-se individual – mas não no sentido de reação, de revolta contra o coletivo (…) Pode a mente, pela compreensão do “coletivo”, pelo investigar, pesquisar o seu inteiro processo, dissociar-se do coletivo e, com essa profundeza de compreensão, promover, não intelectual porém realmente, ação imediata? Pode a mente libertar-se e atuar como individualidade total? (…)(O Homem Livre, pág. 92)
Esse problema vos concerne (…) Pode a mente libertar-se do “coletivo”, ou seja, de seu próprio condicionamento? Libertar-se do coletivo não é simplesmente (…) renunciar verbalmente a determinado estado mental; significa libertar-se de todo o conteúdo emocional de palavras tais como “hinduísta”, “budista”, “cristão”, “comunista”, “hindu”, “russo”, “americano” , etc. Podeis despojar a mente da etiqueta verbal, mas lá fica certo “conteúdo íntimo”, um íntimo sentimento de ser algo, em determinada cultura ou sociedade. (…) (O Homem Livre, pág. 92)
(…) Por outro lado, a pessoa que se liberta do coletivo, que é a prisão do condicionamento, é verdadeiramente individual, criadora, e só essa pessoa pode ajudar a criar uma civilização de espécie diferente, uma nova cultura, pois nela própria não existe contradição. Sua ação é inteira, total, não está sendo dividida por idéias, não há hiato entre a ação e o pensamento, (…) Só tal pessoa está integrada e é capaz de compreender totalmente o processo da contradição; (…) (Visão da Realidade, pág. 64)
O homem que percebe a prisão do seu próprio condicionamento e se revolta, não dentro da prisão, mas totalmente, de maneira que a própria revolta o impila para fora da prisão – esse homem é que é um verdadeiro revolucionário (…) (Idem, pág. 64-65)